Há alguns dias uma ouvinte da Rádio Gazeta FM 98.1 chegou na emissora falando sobre uma pedra encontrada na propriedade de sua família na localidade de Campestre, interior de Sobradinho, e utilizada, desde então, como objeto de decoração na casa, mas com um simbolismo maior. O inusitado seria a aparência da pedra, cuja figura lembraria Nossa Senhora Aparecida.
Conforme o agricultor Santo Claudir de Oliveira, 45 anos, foi ele quem encontrou a pedra em mais um dia de lida na lavoura onde plantam tabaco, sendo todo o trabalho manual. “Vi a pedra, tirei ela do chão. Do lado da lavoura fica um açude, então resolvi lavá-la um pouco e levar para casa. Chegando em casa, peguei uma escova e a lavei melhor. Foi aí que percebi que parecia com a imagem de uma santa. Logo que trouxe ela para dentro coloquei do lado de uma santinha, igualzinha a ela, Nossa Senhora”, contou Oliveira, devoto de Nossa Senhora Aparecida, assim como a esposa Liane Esperidião, 42 anos.
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Foi Liane que procurou à Gazeta, incentivada pelo filho Elisandro, para contar do achado na propriedade onde vivem há aproximadamente 15 anos e cuja rocha foi encontrada e guardada pela família desde o ano passado. “É a primeira vez que vimos uma pedra assim aqui”, disse o casal. “Somos bastante devotos, já fizemos várias promessas para Nossa Senhora”, lembrou Liane, que reza para que a santa ajude a realizar os sonhos da família.
Quem explica a situação para a característica da rocha, é o professor Marco Antonio Fontoura Hansen, geólogo, professor pesquisador da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e coordenador da Câmara Especializada de Geologia e Engenharia de Minas do CREA-RS. Com base nas fotografias enviadas, Hansen disse tratar-se de um geôdo de calcedônia e quartzo leitoso, que normalmente está associado a rochas vulcânicas como o Basalto da nossa Serra Geral. “Trata-se de um fenômeno natural com diferentes estágios de cristalização a partir do resfriamento do magma. Se encontra no topo de derrames de origem vulcânica. A calcedônia é a mesma composição que o quartzo, só que é criptocristalino, trata-se de dióxido de silício. A porção central mais escura da pedra é ágata, também uma variedade constituída por dióxido de silício (SiO2)”, detalhou o professor, dizendo tratar-se, portanto, de formas comuns, cuja origem se deu a partir do resfriamento do magma em torno de 120 milhões de anos atrás.
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Ainda, conforme acrescenta Hansen, algumas rochas possuem formas concêntricas e outras são plano paralelas, dependendo da orientação do corte. Este tipo de associação de variedades minerais, segundo o professor, quando encontrado em grande quantidade são utilizadas por indústrias de beneficiamento de minerais para gerarem pedras ornamentais de adorno, após devido tratamento com polimento e algumas com tingimento, tais como relógio, porta-copos, entre várias outras aplicações. Tratam-se de ocorrências minerais muito comuns no Rio Grande do Sul, principalmente na região de Ametista do Sul, Iraí, Soledade e outros locais com menores quantidades.
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