O Aeroclube de Santa Cruz do Sul completa nesta quinta-feira, 25, 88 anos de atividades. Fundada em 1934 por iniciativa dos amigos Ottmar Reichert, Hugo Reichert, João Carlos Kolberg, Willy Stahl, Rudolfo Stahl e Lauro João Holst, a instituição evoluiu ao longo das décadas e se tornou uma das referências em formação de pilotos no Rio Grande do Sul. Hoje, são oferecidos cursos de piloto privado e comercial e as habilitações de instrução de voo e voo por instrumentos em cinco aeronaves monomotor, para cerca de 30 alunos matriculados nas diferentes modalidades.
Conforme explica o instrutor Pablo Goldschmidt, uma pessoa que ingressa no aeroclube sem nunca ter entrado em um avião consegue se tornar um piloto profissional a partir da formação oferecida no local. O processo é semelhante à obtenção de uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) para dirigir automóveis. Os alunos passam por uma prova teórica aplicada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), exames de saúde e, por fim, a prova prática também realizada pela agência reguladora.
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Se aprovado, o aluno recebe o Certificado de Habilitação Técnica (CHT), também conhecido como brevê, que o autoriza a atuar como piloto privado, sem remuneração. Para trabalhar na área, é necessário ter o curso de piloto comercial, também oferecido pelo Aeroclube de Santa Cruz. A partir dele, é possível se candidatar a vagas em empresas de aviação e companhias aéreas para conduzir aeronaves. A experiência é medida em horas de voo, que estão cada vez mais caras devido à cotação do dólar e ao valor da gasolina de aviação, conhecida como avgas.
Com isso, o profissional precisa saber em qual área quer atuar para não perder tempo e dinheiro. “Não adianta ser habilitado para voo por instrumentos em aeronave multimotor se o objetivo é a aviação agrícola, onde se usa aviões monomotor e os voos são visuais (em boas condições climáticas)”, salienta Pablo.
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Na busca pelo melhor caminho e também para acumular horas enquanto já podem ser remunerados, muitos procuram a habilitação de instrutor de voo. “Um piloto comercial se forma com 150 horas de voo. É pouca experiência e se torna improvável que alguma empresa o contrate nessas condições.” Assim, a instrução se torna um caminho viável para adquirir experiência e acumular horas já como uma profissão.
Para se ter ideia dos valores, o litro da avgas custa em torno de R$ 17,00. Um avião monomotor dos que são operados no aeroclube tem consumo superior a 30 litros por hora de voo. Ou seja, somente em combustível, o custo ronda os R$ 500,00. Além disso, as peças de reposição para a manutenção dos aviões – que devem ser feitas regularmente, conforme as horas e a cada determinado período de tempo – também são caras. Os valores, segundo Pablo, chegaram a triplicar em algumas aeronaves e modalidades em menos de dez anos. Com isso, a quantidade de interessados caiu muito, assim como o número de instrutores. Hoje são três no aeroclube.
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Também instrutor, Anderson Schneider Vieira enfatiza que a Região Sul do Brasil é um polo formador de pilotos, ainda que o mercado de trabalho não seja tão aquecido e atrativo como em outros locais. Nesse contexto, o Aeroclube de Santa Cruz do Sul se destaca em nível estadual, regional e até mesmo nacional pela qualidade do ensino e também pelo custo mais acessível da hora de voo. “Essa realidade pode ser vista nos nossos alunos. Temos pessoas do Amazonas, Pará, Mato Grosso, São Paulo e vários outros lugares que vêm até aqui fazer a sua formação”, afirma.
Outro exemplo desse reconhecimento é que a Anac certificou o local como um Centro de Instrução de Aviação Civil (Ciac). Pablo Goldschmidt revela que poucos aeroclubes conseguiram se adequar às regras da agência reguladora, que tornou mais rígidas as exigências para formação dos pilotos. Segundo o instrutor, apenas quatro escolas em todo o Rio Grande do Sul são certificadas como Ciacs. As demais não estão mais operando por não terem se adequado. “É de muita relevância para Santa Cruz ter uma instituição com esse nível de excelência”, completa.
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As instalações estão localizadas junto ao complexo do Aeroporto Luís Beck da Silva, em Linha Santa Cruz, cuja manutenção é de responsabilidade de Prefeitura. Há pouco mais de um ano, o local voltou a receber voos regionais operados pela empresa Azul Conecta. Com ela, é possível ir de Santa Cruz a Porto Alegre em menos de uma hora e com um custo entre R$ 160,00 e R$ 210,00, a depender do dia escolhido. Essa novidade, na visão dos instrutores, também contribui para a formação dos alunos pilotos, que podem ver na prática como funciona a aviação comercial.
Durante a visita ao Aeroclube de Santa Cruz do Sul, a Gazeta do Sul teve a oportunidade de embarcar em um voo panorâmico sobre o município. O voo foi realizado em uma aeronave Piper PA-28 pilotada pelo instrutor Pablo Goldschmidt e durou cerca de 20 minutos. Com a ausência de vento e o céu com poucas nuvens, a experiência foi tranquila e foi possível visualizar todos os bairros, com detalhes que só podem ser percebidos do alto.
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