Advogado lançará livro ficcional sobre feminicídio

A experiência advinda da atuação em cerca de uma dezena de processos de júri relacionados com casos de assassinato de mulheres inspiraram o advogado José Antônio Paranhos Luz a elaborar o livro Feminicídio: o drama e o relato de um prisioneiro. A obra foi editada pela Zum, de Santa Cruz do Sul, e será lançada no próximo sábado, dia 1º de junho, na Livraria e Cafeteria Iluminura.

Ainda que ele seja profissional do Direito e o termo remeta a uma problemática da esfera policial e judicial, ele adverte que se trata de uma obra de ficção. Diante disso, nem o título nem o subtítulo associam-se a algum fato verídico, tratando-se, isso sim, como explica, de um enredo composto a partir de sua imaginação.

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Toma por base, porém, referências que lhe ficaram de casos que acompanhou, em diferentes níveis, ao longo de mais de três décadas no exercício da advocacia. E, assim, lança mão mais uma vez de sua inclinação para a narrativa ficcional, já experimentada em um romance anterior, Destinos que se cruzam, publicado pela editora Alcance, de Porto Alegre, em 2010. Naquela ocasião, também apoiado em suas vivências jurídicas, narrou casos reais dando a eles desfechos diferentes.

Em preâmbulo, Luz refere que mulheres de todas as camadas sociais estão sujeitas à violência moral e física. Como o público pode acompanhar no noticiário, muitas vezes mulheres são mortas por homens, dentro de um relacionamento estável ou não necessariamente. “Buscamos sanar os acontecimentos e trazer informações no feitio do romance fictício, mas muito próximo da realidade”, frisa. “Abordamos desde a sua origem, as consequências para vítimas e autores, bem como os arrependimentos.”

No texto de abertura do livro, o termo “arrependimentos” está grifado em negrito porque, conforme Luz, esse é um dos aspectos que o motivam em sua reflexão apoiada na ficcionalidade. Nos relatos que ouviu, em casos que atendeu, o arrependimento sempre era enfatizado. No entanto, então já era muito tarde.
Luz enfatiza que, a partir da história que conta, busca contribuir para um maior conhecimento dos direitos da mulher, sobre escolhas e o fato de dizer não ao abuso doméstico. “Somente assim”, diz, “haverá reeducação para uma relação não violenta”.

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Dois especialistas marcam presença com textos introdutórios no livro. Um é o médico psiquiatra Paulo Oleksiuk, que assina a apresentação. Ele adverte que o personagem em torno do qual se estrutura o relato foi tirado da vida imaginária, “mas se aproxima muito da realidade no decorrer dos tempos históricos de uma sociedade culturalmente machista”. Enfatiza que o protagonista tem “a característica de ser portador de uma personalidade narcisista com comportamento sexual sadomasoquista”. Há passagens de forte realismo, retratando a violência física e sexual.

Outro especialista que assina texto na obra é o criminalista Ezequiel Vetoretti. No prefácio, menciona, entre outros aspectos, a sensibilidade do autor ao retratar a angústia do acusado ao enfrentar o processo penal.

TRAJETÓRIA

O Direito e o basquete

O escritor, professor, advogado e esportista José Antônio Paranhos Luz tem 72 anos. Nasceu em Rio Pardo, no dia 18 de agosto de 1951, sendo ele o sexto de 12 irmãos (a caçula é a cantora Lívia Luz, única a nascer do segundo relacionamento do seu pai). Depois de passagens da família por diferentes cidades gaúchas, na sua infância acabaram por se fixar em Santa Cruz do Sul (posteriormente, Luz viria a ser agraciado com o título de Cidadão Santa-cruzense).

Formou-se em Educação Física e em Direito, bem como cursou uma pós-graduação em Marketing Esportivo. Atuou com sucesso nas duas áreas, inclusive como professor, e por mais de duas décadas foi técnico do time de basquete da Sociedade Ginástica, em Santa Cruz, rivalizando, em nível local e estadual, com o Corinthians do inesquecível Ary Vidal. José Luz tem três filhos: Alexandre, Eduardo e Larissa.

Histórias de Rio Pardo

Se Feminicídio agora está em meio ao lançamento, um novo livro já está sendo gestado por José Luz. E, nesse caso, a inspiração lhe vem de sua terra natal. Em As peripécias do Aristides, como antecipa, e que pretende compartilhar com o público até o final do ano, partirá dos “causos” de um personagem característico da “Tranqueira Invicta” para narrar inúmeras lendas desde sempre repetidas entre a população da cidade e do meio rural. Referências a fatos históricos de repercussão estadual e nacional e relatos oriundos da imaginação serão citados por Luz. É o caso dos diversos registros orais associados à sangrenta batalha do Barro Vermelho, durante a Revolução Farroupilha, e ainda da lenda da Noiva. Com a influência da cultura açoriana e portuguesa, Rio Pardo sempre esteve fortemente apoiada na religiosidade.

SERVIÇO

O quê: lançamento do livro de ficção Feminicídio: o drama e o relato de um prisioneiro, de José Luz, com sessão de autógrafos;
Quando: no próximo sábado, dia 1º de junho, a partir das 10 horas;
Onde: na Livraria e Cafeteria Iluminura, em Santa Cruz do Sul;
Para adquirir: exemplares estarão à venda no local e na hora, ao valor de
R$ 55,00; já estão disponíveis na livraria.

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