Em uma publicação no Facebook, Rafael Guimarães anunciou que não iria mais exercer a profissão escolhida – a de advogado. Aos 32 anos, ele atuava em seu primeiro caso – o assassinato de seu pai. Desde o inicio do ano, trabalhava como assistente da acusação, ao lado do Ministério Público, para tentar condenar Guilherme Antônio Nunes Zanoni.
Rafael, porém, percebeu que não queria mais ser advogado quando estava passando pela rua e deu de cara com Zanoni. Ele estava perto de casa, e do Fórum Central de Porto Alegre, quando passou por Guilherme na segunda-feira. Ele tinha sido liberado do Presídio Cental por um habeas corpus.
Em uma entrevista concedida à imprensa da capital, Rafael afirma que não acreditou que era o assassino por saber que ele estava preso. “Passei reto. No fim da rua, virei pra trás e ele estava me olhando. Nesse momento, tive certeza que era ele e que também me reconheceu,” afirma.
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Zanoni deixou o Presídio Central na sexta-feira, para dar início a prisão domiciliar. Ele estava lá desde o dia do crime, 5 de novembro. Na ocasião em que passou por Rafael, Zanoni estava a caminho do Fórum para fornecer seu endereço e assinar documentos.
No desabafo, publicado no Facebook, Rafael afirma que ele e seu irmão estão presos, para sempre. “Na verdade, eu e meu irmão também estamos presos, pra sempre. Presos à ideia de que nunca mais veremos nosso pai. Já o assassino, está a desfrutar do direito que lhe foi concedido: estar em casa com a família Eu achei que era forte, mas desisto.” (Leia o desabafo no final desta publicação)
Morte
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Oscar Vieira Guimarães Neto, de 61 anos, é pai de Rafael Guimarães e foi morto a facadas no dia 5 de novembro de 2015. Ele era síndico do edifício Santa Eulália, localizado no centro de Porto Alegre. Guilherme Antônio Nunes Zanoni, foi preso em flagrante, e era vizinho de Oscar.
Leia o desabafo:
“A partir de hoje não sou mais advogado. Se precisarem de algum, não me procurem. Aliás, não procurem nenhum, principalmente se vocês forem acusados de assassinato, afinal a lei já vai te garantir liberdade e mais um monte de benefícios.
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Eu achei que era forte.
Há 8 meses perdi meu pai da forma mais brutal que alguém pode imaginar. Precisei de muita força pra suportar a situação e de mais força ainda pra atuar, juntamente com o Ministério Público, no processo, como assistente de acusação. Foram diversas audiências cara a cara com o assassino, que, até então, estava recolhido no presídio central. O fato de ele estar preso amenizava a dor que eu sentia, que eu sinto. Fiz o que pude pra manter o assassino preso, por mais que eu não atue nessa área.
Ontem, saindo do meu trabalho, me deparo com quem na rua?
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O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul concedeu habeas corpus para que o assassino do meu pai (aquele que matou com golpes de faca, deixando meu pai agonizando até a morte, sem motivo algum) possa responder ao crime fora da cadeia.
Quem será a próxima vítima até que seja julgado daqui a vários anos?
Fico pensando no quanto eu estudei pra me tornar advogado, pra chegar agora e minha vida se encontrar nessa situação. Eu confesso que tenho vergonha da profissão que escolhi. Por isso, a partir de hoje, não me procurem mais nesse sentido. Eu peguei minha carteira da OAB há bem pouco tempo, mas já tenho vergonha de andar com isso.
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O assassino está fora da cadeia. Repito: um assassino. Não é um ladrão de galinha, nem um ladrãozinho de carteira. É alguém acusado de homicídio triplamente qualificado e que confessou o crime. Vocês sabem o que é isso? Se não sabem, procurem ler do que se trata, porque como falei, eu não sou mais uma pessoa que pode falar sobre isso.
Eu me formei em Direito, mas não sei responder qual direito eu tenho. O assassino tem direito de estar com a família, respondendo ao processo em casa. Que direito eu tenho? Não me garantiram nenhum direito, nenhum. O único direito que eu tive foi o de enterrar meu pai.
O único que continua preso e sem direito a advogado é o meu pai. Habeas corpus nenhum tira ele de onde está. Ele nunca mais sairá do lugar onde foi colocado por essa pessoa que falei que está solto por aí.
Na verdade, eu e meu irmão também estamos presos, pra sempre. Presos à ideia de que nunca mais veremos nosso pai. Já o assassino, está a desfrutar do direito que lhe foi concedido: estar em casa com a família.
Eu achei que era forte, mas desisto.”
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