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Adversidades não diminuem expectativa de safra grande em Granja do Silêncio

A região Centro Serra vem se destacando no cenário agrícola nos últimos anos, principalmente graças a soja e ao tabaco, que dão um bom retorno financeiro aos cofres dos municípios. Mas também há outras culturas que obtém resultados satisfatórios, principalmente para quem produz, e ainda possuem reconhecimento em outros cantos do Estado. Este é o caso da uva, um dos produtos favoritos de muitas famílias.

Embora o cultivo da uva esteja enfrentando adversidades em todo o Estado, a atividade segue apaixonante. O período da colheita – popularmente conhecido como Vindima – já iniciou na maioria dos parreirais gaúchos e deve se estender até o próximo mês. É o caso de uma das mais conhecidas vinícolas de Sobradinho, a Granja do Silêncio, onde os trabalhos estão a pleno vapor, tudo para garantir uma exitosa safra.

Em 2019, a Granja do Silêncio completa 20 anos da implantação dos primeiros vinhedos, fato destacado pelo engenheiro agrônomo Affonso José Wietzke Guarienti, gerente comercial da vinícola. “Foi feita uma análise da região, coletando amostras do solo e monitorando a questão do clima. Aí, observamos que existia um ponto ideal para a produção de uva”, comentou, durante participação no quadro Café na Roça, da Rádio Gazeta FM.

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O negócio deu certo e a produção foi se expandindo. “No decorrer do processo, surgiu a ideia e a necessidade de elaborar produtos derivados da uva, como o vinho, o suco e o espumante”, recorda Affonso. O fato do Centro Serra ser uma região serrana colabora para a produtividade. Conforme o engenheiro agrônomo, a região possui um número de horas-frio maior do que outras localidades, o que proporciona uma brotação melhor da uva e, consequentemente, caixas maiores.

Além dos vinhedos, a Granja do Silêncio conta com uma estrutura para comercialização dos produtos, às margens da ERS-400. O estabelecimento comercial foi aberto em 2008 e funciona diariamente, inclusive aos finais de semana.

Atraso não diminuiu expectativas

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O início de ano chuvoso na região, com precipitações diárias, fez com que a colheita na propriedade começasse de maneira tardia. “Está chovendo todo dia, o que nos fez atrasar o início da colheita em 15 dias. Estamos colhendo a uva para mesa e, no final do mês, será a vez das uvas utilizadas para produção de vinho”, comenta Affonso. As parreiras são cultivadas em uma área de 11 hectares, com cultivares americanas (bordô, niágara) e viniferas (cabernet, merlot).

Foto: Mateus Souza/Gazeta da Serra
Apesar do atraso de 15 dias no início, colheita da uva não deve ser prejudicada na propriedade

 

Mesmo com o atraso, o otimismo não diminuiu na propriedade. A expectativa dos sócios é colher 200 toneladas de uva, o que seria considerada uma safra muito boa. “Está para ser uma das melhores produções aqui. O inverno foi ameno, com horas-frio grande, proporcionando uma boa brotação. Será maior do que foi no ano passado”, projeta o gerente comercial da vinícola. As vendas da uva in natura estão ocorrendo de maneira positiva. Entre o fim de janeiro e fevereiro, começa a elaboração dos vinhos, cuja comercialização começa em março.

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A preocupação com o 2,4-D

Se, por um lado há otimismo quanto a safra, por outro, também existe uma preocupação em especial. Resíduos da deriva do herbicida 2,4-D, aplicado em lavouras de soja, estão causando perdas milionárias na vitivinicultura no Rio Grande do Sul. Nos últimos meses, a Secretaria de Estado da Agricultura coletou amostras em propriedades de diversos municípios produtores de uva, em especial na Campanha, região mais afetada.

“Não é um problema isolado. Ele também atinge nossa região. É preciso que se aprenda a conviver com outras culturas”, clama Affonso, lembrando que suas parreiras também tiveram danos. As deformações nas folhas atingidas pela deriva podem ser facilmente identificadas. Ele reforça que os produtores que tiverem este problema devem contatar imediatamente a Secretaria.

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O uso indiscriminado do herbicida também motivou o cancelamento das tradicionais aberturas da Vindima na região, como forma de protesto. A Associação dos Vitivinicultores do Centro Serra (Avitis) recentemente, publicou uma nota alertando sobre o crescente uso do herbicida na região.
 

Foto: Mateus Souza/Gazeta da Serra
Efeitos da deriva do 2,4-D podem ser notados facilmente nas folhagens

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