Faz algum tempo foi publicado um relatório socioeconômico – realizado por uma consultoria internacional de grande porte – que fazia menção a estimativas de desemprego resultante da automatização e robotização das relações econômicas. Os cálculos indicariam que entre 400 e 800 milhões de pessoas em todo o mundo poderiam vir a ser afetadas nos próximos 15 anos.
Entre as várias evidências obtidas pelo estudo, uma é bastante óbvia, já apontada ao longo de anos e anos, qual seja: as transformações de natureza tecnológica atingirão de modo mais grave e negativo as pessoas com menos escolaridade e estudos.
Profissões e tarefas de atendimento e produção que ainda hoje exigem esforços físicos e pessoais (maioria dos casos que dependem menos dos níveis de estudo para sua execução) serão as mais visadas para fins de robotização e automatização.
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Contrariamente, as pessoas com elevados níveis de interação social e mais anos de estudos, a exemplo de formação universitária e pós-graduação, deverão ser menos afetadas e prejudicadas pelas transformações tecnológicas.
Ou seja, melhores e elevados níveis de estudo e formação cultural podem favorecer o conhecimento e o entrosamento com as máquinas.
Ao observar tais pesquisas, de imediato nos ocorre que os países subdesenvolvidos (ou de desenvolvimento tardio) deverão ser os mais afetados. Afinal, historicamente com indicadores econômicos, sociais e educacionais inferiores aos ditos países de primeiro mundo. Mas, ironicamente, não é o que deverá suceder.
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Possivelmente, a evolução tecnológica deverá ser mais lenta e não generalizada nesses países. E a razão seriam os baixos níveis salariais ainda vigentes e uma abundante mão de obra jovem disponível. Ou seja, ainda sairia mais barato manter os atuais empregos, ainda que de desempenho qualitativo e quantitativo inferiores.
Logo, repito, ironicamente, os países mais desenvolvidos economicamente serão os mais afetados quanto ao destino de sua mão de obra. Praticamente, metade de sua força de trabalho deverá desenvolver novas habilidades e formas de ocupação social e econômica.
De todo modo, dia mais, dia menos, será um problema universal. E a adaptação pessoal e coletiva (trabalho e empregos futuros) será na proporção do ritmo da modernização tecnológica. Algo parece certo, porém: a futura diminuição do desemprego corresponderá ao menor crescimento de salários.
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Resta apostar nas avaliações otimistas que indicam que inovação tecnológica e investimentos irão assegurar novas e suficientes oportunidades capazes de compensar as que serão perdidas ao longo do tempo.
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