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EM LIBERDADE

Acusado de chacina em Tunas tem prisão preventiva revogada pela Justiça

Brigada, Polícia Civil e Instituto Geral de Perícias foram à cena do crime na manhã, após o fato, e coletaram as primeiras evidências

Está em liberdade o homem acusado de ter provocado uma das maiores chacinas familiares registradas nos últimos tempos na região central do Estado. Jaime Schoeninger dos Santos, de 24 anos, deixou o Presídio Estadual de Sobradinho na tarde da última quarta-feira, após ter sua prisão preventiva revogada. A informação, apurada de forma exclusiva pela Gazeta do Sul, foi confirmada pelo advogado Carlos Roberto Ravanello, que faz a defesa de Schoeninger.

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O jovem foi indiciado pela Polícia Civil por ter assassinado a tiros o seu pai, Adão Antunes dos Santos, de 66 anos, e em seguida provocado um incêndio na casa da família, na localidade de Rincão dos Tocos, em Tunas, que matou sua mãe, Marlene Schoeninger, 43 anos, e a irmã Jamile Schoeninger dos Santos, de apenas 1 ano e 4 meses.

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O caso aconteceu em 12 de fevereiro do ano passado e chocou o Rio Grande do Sul. O inquérito foi remetido ao Judiciário pela delegada Graciela Foresti Chagas, que indiciou Jaime por homicídio triplamente qualificado.

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As qualificadoras – dispositivos que podem ampliar a pena em caso de condenação – foram elencadas pelo motivo torpe, uso de meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas. Ao longo de três meses de investigação, a Polícia Civil reuniu uma grande quantidade de provas e evidências que apontavam Schoeninger como autor do crime.

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À Gazeta do Sul, o advogado Carlos Roberto Ravanello, que faz a defesa do jovem, afirmou que entrou com um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado. Ele confirmou que seu cliente teve a prisão preventiva revogada, após o recurso ter sido aceito em decorrência do prazo em que o rapaz estava detido sem um desfecho na esfera judicial – a prisão aconteceu há um ano e sete meses.

Além disso, o advogado conseguiu anular a sentença de pronúncia proferida pela juíza Márcia Mainardi, da Comarca de Arroio do Tigre, o que encaminhava o processo para julgamento no Tribunal do Júri.
“Depois da sentença de pronúncia, abriu prazo e entramos com recurso no sentido estrito com alguns apontamentos. Isso foi analisado pelo Tribunal de Justiça do Estado, que deu parecer favorável e anulou a sentença de pronúncia. Agora, o caso volta à mesa da juíza Márcia para analisar novamente e proferir uma nova sentença”, afirmou Ravanello para a Gazeta do Sul.

Jaime comprou 65 litros de óleo diesel | Foto: Divulgação

Para a Polícia Civil, crime foi premeditado

Uma das informações obtidas pela polícia na época da investigação, que reforçou a hipótese de premeditação, é que dias antes do crime Jaime havia comprado 65 litros de óleo diesel em um posto de Tunas. O combustível teria sido usado para queimar a casa com os familiares dentro. Os hábitos do rapaz, que gastava seguidamente em casas noturnas o dinheiro da herança antecipada pela família, teriam sido a razão de discussões entre ele e o pai, Adão Antunes.

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Somente nos últimos dias antes do crime, Jaime teria gasto cerca de R$ 8 mil em estabelecimentos do gênero. O próprio acusado admitiu à polícia que essas despesas foram o estopim de um bate-boca com o pai, na madrugada do dia do fato.

Após o incêndio, Jaime teria ido direto a uma boate de Espumoso, na tentativa de forjar um álibi. Notas fiscais de compras no estabelecimento e uma foto do freezer do local, postada no WhatsApp, foram tentativas de causar a impressão de que ele não estivera na cena do crime.

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Para a Polícia Civil, o autor do crime não precisava da herança. O somatório do patrimônio do acusado, conforme apurado pelos investigadores, chega a R$ 2 milhões em propriedades, que vão desde a herança adiantada pelos pais em vida até os 37 hectares recebidos do tio para cuidá-lo. Segundo a polícia, Jaime Schoeninger pretendia abrir uma boate com garotas de programa no município.

“O pai havia se tornado um empecilho para ele. O acusado estava gastando altas quantias em casas de prostituição, de R$ 7 mil a R$ 10 mil por mês. Ele tinha o projeto de abrir uma casa de prostituição em Tunas, contrariando os pais e a família, que se tornaram um obstáculo para esse modo de vida. Isso se tornou a motivação do crime”, afirmou a delegada Graciela Foresti Chagas, na época do crime.

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Jaime Schoeninger dos Santos, indiciado por matar pai, mãe e irmã, deixou o presídio na quarta-feira

Relembre o caso

Inicialmente, o incêndio na propriedade da família Santos foi tratado como um acidente. No entanto, perícias feitas no local levantaram a hipótese de uma ação criminosa, pois resíduos de óleo diesel foram encontrados na casa. A constatação veio à tona ainda na manhã de 12 de fevereiro de 2021, quando a Polícia Civil, a Brigada Militar e o Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizaram levantamentos na cena do crime. Jaime Schoeninger dos Santos acompanhou o trabalho da polícia no local.

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Na ocasião, o comportamento do jovem, que não demonstrava comoção, causou estranheza. Paralelo a isso, a Polícia Civil localizou testemunhas que informaram que ele teria deixado o local do crime e ido para uma boate, em Espumoso – a cerca de 60 quilômetros de Tunas –, onde teria gasto grande quantidade de dinheiro.

Com elementos convincentes da participação de Jaime na morte dos pais e da irmã, a polícia de Arroio do Tigre prendeu o rapaz quando ele chegava, de táxi, para o enterro dos familiares. De acordo com a delegada, ele confessou a autoria do crime. No entanto, relatou ter agido em legítima defesa após uma desavença com o pai. Entretanto, segundo Graciela, na noite do incêndio Jaime teria permanecido no local aguardando a residência ser consumida pelas chamas durante algum tempo. “Com certeza, ele ouviu os gritos de socorro da mãe, que estava trancada na casa com a irmã. Mas ficou lá para se certificar de que elas morreriam”, disse a delegada.

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