Acima da superfície

Algumas pessoas talvez não saibam quem foi o compositor e tecladista Vangelis, falecido nesta semana, mas é provável que tenham ouvido um ou mais temas musicais criados por ele. Por exemplo, as trilhas de filmes como Blade Runner – O Caçador de Androides e, principalmente, Carruagens de Fogo, que lhe rendeu um Oscar em 1982.

Aliás, você pode nem ter assistido Carruagens de Fogo, sobre a história de dois atletas britânicos que disputam os Jogos Olímpicos de 1924. Mas, se em algum momento acompanhou alguma Olimpíada, ou qualquer grande competição relacionada ao atletismo – como a Corrida de São Silvestre –, já escutou a clássica melodia. Vangelis compôs um tema recorrente e que, desde sua criação, ficou vinculado aos mais caros valores esportivos: persistência, superação, coragem, lealdade e respeito aos adversários e às diferenças.

Pois o grego Evángelos Odysséas Papathanassiou, ou Vangelis, morreu nesta semana, aos 79 anos, na França. A causa teria sido Covid-19. Deixa um legado artístico inegável (talvez um pouco piegas para alguns), que não será esquecido tão cedo. Pois Vangelis soube traduzir em música aspirações nobres: o empenho em ultrapassar os próprios limites, fazer melhor, ser melhor. Deixar a mediocridade nos limites estreitos onde ela gosta de ficar.

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Afinal, em um mundo que tende a oferecer homogeneidade e conformismo crescentes, torna-se imperativo ver além do que está à frente, ou do que está “na horizontal”, como diz o escritor inglês Julian Barnes no livro Altos voos e quedas livres. Sonhar – essa necessidade básica – é voltar os olhos para o alto, para algum Olimpo particular, um lugar melhor. Até os mais céticos precisam disso de vez em quando.

“Nós vivemos na superfície, no nível horizontal, e no entanto nós sonhamos. Animais rasteiros, às vezes chegamos tão longe quanto os deuses”, escreve Barnes. Claro, podemos perder o rumo e eventualmente cair, mas faz parte. Alguns se elevam através do amor, outros pela fé, pelo idealismo. E outros por meio da arte, como Vangelis – aquele que tinha “Odisseia” no seu próprio nome.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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