Ah, o Carnaval! Eu amo o Carnaval. No entanto, nunca concordei que a vida só comece de fato após o Carnaval. Para mim, a vida é Carnaval, festa e alegria. Sim, eu sei que não há o que comemorar, ainda mais em tempos de pandemia. Mas o amor pela Festa de Momo segue aqui, inabalável. Com o formato de festejar diferente neste ano, fui “arremessada” a um tempo bom. Tempo em que eu me cercava de plumas, purpurinas e paetês. Tempo que aguardava ansiosa por minha fantasia. Tempo em que, acompanhada da minha mãe, pulava e brincava no clube. Tempo em que eu ainda podia gozar da companhia dela. Ah, se eu pudesse voltar no tempo!
Minha mãe me deixou uma série de legados, inclusive, o de me parecer com ela fisicamente. Já repasso para meu filho alguns de seus ensinamentos, mas entre os mais emblemáticos está o amor pelo Carnaval. Dona Valéria não era muito sentimental, mulher forte, raras vezes vi chorar, mas o semblante sério mudava quando a folia começava. Virava as noites conferindo uma a uma as escolas de samba que adentravam o sambódromo do Rio de Janeiro. Toda vez que ouço sobre a União da Ilha, escola preferida dela, lembro da mãe. Lembro de nossos carnavais, de nossas implicâncias. Afinal, sou Salgueiro.
Cresci ouvindo seus discos e fitas dos sambas-enredo. Tinha (tenho) o sonho de um dia participar de um desfile. A mãe sempre foi minha maior incentivadora a cair na folia. Todos os anos, desde o meu primeiro ano de vida, tenho registros com fantasias de Carnaval. A primeira foi de melindrosa. A Dona Valéria se esforçava para sempre elaborar uma fantasia bacana e me levar para “pular” o Carnaval nos clubes da cidade. O que mais recordo são os bailinhos da Aliança. Ainda na rua era possível ouvir as marchinhas, gritos e todos os barulhos característicos da festa. Subia as escadas quase correndo para aproveitar ao máximo o momento.
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Nesses anos de folia, minha vizinha e amiga desde a infância, a Cristina, ou melhor, a Tina, nos fazia companhia. Íamos de fantasias iguais e brincávamos juntas até cansar, até a hora do ônibus para ir para a casa. Claro, tivemos tempos difíceis e um deles foi na época que mais amamos – o Carnaval. Ri quando lembrei este ano de “vacas magras”. Não lembro nossa idade, mas nossa fantasia. A da amiga que a mãe sempre levava junto, a Tina, foi uma bermuda de cotton, por cima um maiô, cabelos amarrados bem para cima, maquiagem mais forte, em um estilo “dançarinas do Faustão”.
Para quem não sabe, no início, lá nos idos anos 90, as dançarinas iam com roupas de malhar, diferente dos figurinos atuais. Mas daquela fantasia improvisada é possível tirar uma bela lição. ‘’Não existe tempo ruim para quem deseja o bem.” Nunca nos importamos muito com o que e como nos apresentar e, sim, em mostrar nossa essência, aproveitar e fazer o que se gosta sem medo de ser feliz! Fomos felizes, falo com a certeza de que a Tina também aproveitou esse nosso amor pela festa. A coluna de hoje é uma memória afetiva, cheia de carinho, beleza, saudosa. Beleza mesmo foi ter você mãe! Eu sempre vou achar precoce a sua partida, mas nunca vou esquecer tudo de maravilhoso que vivemos! Foi lindo!
Mas agora que o Carnaval acabou, vamos viver e continuar nos cuidando? Se a vida começa depois da Festa de Momo, já estamos atrasados há mais de duas semanas…
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