Tempos atrás, fui vítima de fake news. Estava perambulando por uma rede social e me deparei com manchete segundo a qual o Red Hot Chili Peppers faria show em Porto Alegre. De imediato, lembrei de um amigo que é fã incondicional da banda e, na ânsia de compartilhar com ele a “boa nova”, passei adiante. Só depois fui abrir o link para descobrir que era um pega-ratão.
Isso aconteceu bem antes de se falar em “crise de desinformação” e de as tais notícias falsas (por mais contraditório que possa soar o termo) passarem ao centro das preocupações contemporâneas. E não é por acaso: assim como ocorreu comigo, há neste momento milhares de pessoas, ingenuamente ou não, difundindo informações fraudulentas e que dizem respeito a questões bem mais sensíveis e com potencial muito maior de causar estragos a reputações e ao senso comum. Pare para pensar: quantas vezes, apenas nos últimos dias, você recebeu em seu WhatsApp ou Facebook uma informação claramente fake, distorcida ou, ao menos, que te deixou desconfiado?
Aliás, o mais grave desse fenômeno sequer é, na minha opinião, a desinformação, mas sim a desconfiança. O fluxo de informações de baixa qualidade vem sendo tão grande que a nossa defesa natural é desconfiar de tudo, até do que não precisa. Percebam a ironia: o sistema de informações nunca foi tão acessível e democrático graças às novas tecnologias e, no entanto, não nos sentimos seguros para acreditar em mais nada. Pare e pense de novo: a que nível de caos social chegaremos quando perdermos todas as nossas referências para saber o que é verdade e o que não é? A quem interessa uma população desorientada? Veja o tamanho da responsabilidade que temos em mãos a cada vez que clicamos em “encaminhar”.
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O bom é que, acredite, não ser cúmplice das fake news é bem mais fácil do que parece. Basta tirar um minuto para, antes de replicar alguma coisa, analisar sobriamente se aquela informação tem credibilidade. Não é preciso ser muito brilhante para identificar um texto enviesado ou uma opinião travestida de notícia, é só deixar de lado as paixões ideológicas. Diante de qualquer dúvida, melhor parar por aí. E, sobretudo, ser mais seletivo com as fontes – que são muitas mas nem sempre dignas. Muita gente já está fazendo isso: pesquisa Ibope dessa semana aponta que 71% dos eleitores brasileiros pretendem, nas eleições deste ano, se informar em meios tradicionais.
A propósito, fique ligado: na semana que vem, a Gazeta vai lançar a sua plataforma de checagem, uma espécie de serviço especializado em apurar boatos e verificar declarações que é tendência no jornalismo em todo o mundo. É fato: ou abrimos o olho ou deixamos a mentira vencer a verdade.
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