Diálogo. Essa foi a palavra mais ouvida durante a cerimônia de abertura do 1º Fórum Municipal da Diversidade de Santa Cruz do Sul, que reuniu no anfiteatro do curso de Direito da Unisc, na manhã desta sexta-feira, 22, autoridades, estudantes, professores e outros profissionais da educação, além de representantes de órgãos públicos, ongs e comunidade em geral. Um show artístico com a Miss Simpatia Diversidade do Rio Grande do Sul, a drag queen Mirella Louise, marcou a abertura do evento.
Pela segunda vez no município, o coordenador da Diversidade Sexual no Estado do Rio Grande do Sul, Daniel Morethson, lembrou o quanto é importante o diálogo e o envolvimento do poder público para dar amplitude ao debate. “Estamos conseguindo avançar, hoje trouxemos a prefeita para participar do 1º Fórum e a Unisc abriu as portas para debater com a sociedade civil. Tudo isso engrandece o município e nos leva a querer construir mais”.
Daniel disse que quando se é gestor, se deve olhar para todos os cidadãos, sem distinção. “Hoje as pessoas vivem no extremo e acham que falar de LGBT é falar de ideologia partidária e não é”, frisou. Também afirmou que é preciso que se construam políticas públicas efetivas para atender à população LGBTQIA+. “Hoje não temos políticas públicas porque não sabemos quem somos, quantos somos e onde estamos. Ainda não temos um mapeamento no Brasil para conhecer de fato a nossa realidade”.
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Ao discursar, a prefeita Helena Hermany disse que a Administração Municipal estará sempre ao lado de iniciativas como a do fórum, que buscam erradicar qualquer forma de preconceito e permitir que todos usufruam plenamente da cidadania. “Cuidar das pessoas é respeitá-las em seu íntimo, entendendo as diferenças não como um obstáculo, mas como um tesouro que torna nossas existências mais ricas em experiências e visão de mundo”, declarou.
Já o presidente do Conselho Municipal da Diversidade, Rubem Quintana, ao dar as boas vindas aos participantes do fórum, afirmou que o objetivo dos que lutam em favor da causa LGBTQIA+ não é querer impor e nem constranger as pessoas. “Queremos dialogar para conseguir entender o que acontece nesse meio tão sofrido, tão massacrado e tão marginalizado no Brasil de hoje”, disse. Segundo ele, nem as famílias nem as escolas estão preparadas para lidar com a realidade dessa parcela da população. “A comunidade LGBT é uma das que mais sofre com o descaso de todo o aparato governamental do Brasil”.
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Para o diretor de Extensão e Relações Comunitárias da Unisc, Ângelo Hoff, o diálogo é o caminho para que a sociedade conviva com naturalidade com as questões de gênero. “Não é raro a divulgação de notícias relacionadas a eventos LGBT gerarem comentários agressivos nas redes sociais e isso só reforça o preconceito. Precisamos de mais tolerância”, observou.
Segundo ele, há duas formas de modificar a realidade, através de uma militância aguerrida, entusiasmada e com posições firmes ou pela construção de uma conversa, o que seria a melhor opção. “Subimos um patamar a partir do momento em que nos abrimos para entender realidades que não são heteronormativas. Esse diálogo que estamos tendo aqui hoje seria inimaginável há 50 anos e daqui a mais 50 as pessoas ficarão surpresas em saber que havia a necessidade de que se realizasse um evento para abordar a diversidade”.
Na mesma linha o secretário municipal de Educação, João Miguel Wenzel, destacou a importância da educação para o processo de evolução do ser humano. “O diálogo precisa acontecer de modo permanente, dentro do ambiente escolar, para que essas questões possam fluir de forma natural, para que as diferenças não sejam motivos para separar e sim para unir. É preciso se colocar no lugar do outro”, ressaltou.
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Coordenadora do Ambulatório Multiprofissional de Atenção à Saúde a População LGBTTQ+, (Ambitrans), projeto de extensão da Unisc, a professora Analidia Petry chamou atenção para o que considera essencial a essa parcela da população. “Essas pessoas estão lutando por espaço social, estão buscando se entender enquanto sujeitos”.
Analidia chamou a atenção para as pequenas violências cometidas no cotidiano. “São situações que machucam no dia a dia, é o bullying na escola, um professor ou funcionário que não respeita ou até mesmo uma brincadeira inocente, mas que também traz sofrimento e leva ao isolamento”.
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