Agronegócio

Abertura da colheita do arroz é marcada por reivindicações ao Governo; confira

Simbolizando a garantia da segurança alimentar, o ato de abertura da colheita do arroz e grãos em terras baixas, realizado nessa quinta-feira, 22, contou com a presença de autoridades, produtores e entidades. A cerimônia ocorreu na lavoura Breno Prates, na Estação Experimental da Embrapa Clima Temperado, em Capão do Leão. Além da colheita tradicional do arroz, foi colhida pela primeira vez uma lavoura de soja, simbolizando as multiculturas.

O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, lembrou que em torno de 200 municípios gaúchos dependem dessa cultura. “Nós temos um protagonismo na produção nacional, e esse protagonismo traz junto uma responsabilidade de continuarmos buscando tecnologias, cultivares e manejos” completou.

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Alexandre Velho fez uma reivindicação direta ao governador Eduardo Leite, no sentido de aumentar a verba para pesquisas do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga). “Hoje, 65% da semente utilizada na cultura vem do banco genético do instituto. Precisamos voltar aqui no próximo ano com isso resolvido”, completou. O dirigente também agradeceu a parceria com Embrapa, Senar, Farsul e Irga e a toda a equipe da Federarroz pelo trabalho realizado para este evento, ressaltando ser essa a maior abertura de colheita do Brasil.

Alexandre Velho: exigência de cautela | Foto: Rodrigo Assmann

Encerrando o ato, Eduardo Leite ressaltou que cabe a um governo dar condições que proporcionem oportunidades a quem empreende, sobretudo no campo, e que o governo precisa ser um incentivador e facilitador. Quanto à reivindicação do presidente da Federarroz para aumento da verba para o Irga, explicou que houve perda de arrecadação devido ao projeto federal de redução do ICMS dos estados. No entanto, informou que já trabalha com as secretarias de Planejamento e da Fazenda para liberar essa verba ao Irga, o que deve acontecer em breve.

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“Nunca estaremos em lados opostos, estaremos juntos com quem empreende no Estado. Nosso governo vem recuperando a capacidade de atender demandas não só de produção, mas também de infraestrutura”, completou.

A 34ª Abertura Oficial da Colheita do Arroz e Grãos em Terras Baixas é uma realização da Federarroz e correalização da Embrapa e do Senar, com patrocínio premium do Irga e do Ministério da Agricultura e Pecuária.

Crescimento da safra em ponto de equilíbrio

Durante a solenidade de abertura da colheita do arroz, nessa quinta-feira, 22, o Irga anunciou o fechamento dos números de área dedicada à cultura no Estado nesta temporada, que deverá alcançar 900 mil hectares. É um acréscimo de 7,17% sobre o ciclo anterior, que teve o menor cultivo histórico, próximo a 840 mil hectares.

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Conforme o presidente do instituto, Rodrigo Machado, o aumento do plantio ocorre dentro de um ponto de equilíbrio, voltando à faixa próxima ao ciclo de 2021/2022, de 927 mil hectares, e reflete o sistema de produção adotado, de produtos multigrãos, em que se insere a soja em terras baixas, junto com milho e pecuária. O Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional de arroz.

Houve algum incremento no arroz e redução da soja nesta safra (esta ficou em 422 mil hectares, menos 16,55% sobre a anterior), com um ajuste dentro da realidade de preços maiores do cereal e menores na oleaginosa, e do clima no qual áreas que estavam destinadas à soja, com maior precipitação e inundações, foram ocupadas pelo arroz, explica Machado. O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, ressalta a importância do atual sistema de produção incentivado no setor, que “traz sustentabilidade e contribuiu para melhoria das cotações, com ajuste de oferta e demanda”.

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Além da rotação de culturas, o sistema dá atenção à cobertura do solo no inverno com pastagens e permite melhorar a produtividade, importante para enfrentar altos custos, comenta Alexandre. Nesta safra, informa que os custos de produção chegaram a diminuir (entre 5% e 10%), “mas temos que manter bons resultados nesse aspecto, pois não existe garantia nenhuma de que não voltem a subir”, diz. Relata que deverá ocorrer redução de produtividade, calculada por ora em cerca de 5%, em função de dias mais nublados no período reprodutivo das plantas.

Mas, de modo geral, a expectativa é de que se obtenha boa safra em termos de preços, ainda em bom nível, e com volume que não pode ser previsto ainda, mas que garantirá novamente o abastecimento do mercado interno, além de direcionar parcela para o externo, observa Machado. Por parte da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a estimativa lançada no início deste mês é de que a safra gaúcha teria aumento de 7% (mesmo índice levantado pelo Irga) e a produtividade chegaria a 8,3 mil quilos/hectare (mais 3,3% sobre a do ano anterior), o que daria acréscimo de 10,5% na produção, para 7,662 milhões de toneladas.

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Ainda na avaliação do presidente da Federarroz, este novo momento da orizicultura, com melhores resultados, requer cautela por parte dos produtores, em manter o sistema de produção sustentável, com uma gestão cada vez mais eficiente e profissional. Gestão potencializando safras, estendida não só às atividades agrícolas e agronômicas, mas também à gestão das pessoas, administrativa e econômico-financeira, é o tema central do evento de abertura da colheita. Nele recebem espaço especial questões amplas de sustentabilidade e inovações em vários aspectos, que continuarão a ser abordadas até o final, hoje.

Machado: atenção ao mercado e ao clima | Foto: Rodrigo Assmann

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Benno Kist

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