O Rio Grande do Sul vive uma crise por causa das enchentes, o que afetou diversos setores. Panorama semelhante foi visto durante a pandemia e na greve dos caminhoneiros em 2018. Em momentos assim, é natural que ocorra um certo desabastecimento de produtos, seja pela dificuldade de transporte ou de produção. Em um cenário de alta demanda e menor oferta, os preços sobem. Além disso, muitas pessoas procuraram fazer estoques, com receio pela falta de itens.
De acordo com o representante local da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Celso Müller, a falta de produtos é pontual. O maior problema agora fica por conta das verduras, como alface, couve e brócolis. As frutas, por exemplo, passam a ter maior volume de produtores do Norte e Nordeste. “Faltam alguns produtos, mas é algo pontual. Afeta mais o hortifrúti mesmo. No restante, estamos bem. Os carregamentos estão chegando. Não haverá um desabastecimento generalizado”, afirma.
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A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) vai apoiar a doação de 100 mil kits para a população afetada por enchentes. Cerca de 150 supermercados gaúchos foram atingidos pelos alagamentos, segundo o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo.
Conforme um grande distribuidor de gás do município, o maior problema é a logística. Há uma distância maior a ser percorrida para entregas. Em determinados momentos, pela demanda aquecida, há falta do produto. Outro problema é a inundação. A Copa Energia, dona da Liquigás, precisou interditar o centro operativo em Canoas. A empresa afirma que é responsável por mais de 30% do abastecimento do gás de cozinha no Estado.
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No caso da água mineral, a procura foi grande nos primeiros dias da calamidade climática. Santa Cruz conta com uma indústria do setor. Segundo o proprietário, há estoque de garrafas de dois litros e uma produção intensa de bombonas de cinco litros e galões de 20 litros. Ele afirma que já foi envasado 1 milhão de litros desde o início da calamidade. Uma parte da produção foi doada aos atingidos pela cheia. A empresa trabalha para atender à demanda regional, com 24 horas de produção. Algumas pessoas passaram a comprar água na própria fábrica. Os supermercados também recebem suprimento de outras marcas, o que aumenta a disponibilidade para os clientes.
Uma corrida em busca de combustíveis alterou a rotina nos postos santa-cruzenses. Os estoques ficaram zerados e houve uma falta generalizada. Conforme as rodovias passaram a ter o tráfego liberado, os caminhões puderam acessar as distribuidoras. O presidente do Sindicato Intermunicipal do Comércio Varejista de Combustíveis e Lubrificantes do Estado (Sulpetro), João Carlos Dal’Aqua, garantiu que não há falta de produção.
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A escassez ocorreu pela alta demanda em pouco tempo e pela dificuldade logística com as estradas obstruídas. Em Santa Cruz do Sul, há uma espécie de rodízio diário de postos que recebem gasolina. Apesar de enfrentar filas, os motoristas conseguem abastecer os veículos sem restrição. A situação deve ser normalizada nos próximos dias.
Além de pontes e estradas destruídas, pastagens estão embaixo d’água e animais foram arrastados pela enxurrada. Mesmo nas regiões que não foram inundadas, os solos estão encharcados, o que dificulta o manejo dos rebanhos. O Rio Grande do Sul responde por 5% da produção nacional de carne bovina. Presidente do Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Rio Grande do Sul (Sicadergs), Ladislau Böes explica que o maior problema é a paralisação de atividades em algumas indústrias frigoríficas.
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Além disso, a grande maioria das indústrias opera com a capacidade reduzida, principalmente pela dificuldade logística. Há transtornos no transporte dos animais aos abatedouros e também para os pontos de venda. Como reflexo, o frete aumentou e o preço final também. Segundo Böes, é pouco provável que haja desabastecimento. O que ocorre é uma redução na oferta de produtos. “Os preços normalmente sobem nesta época porque é a nossa entressafra. Além disso, as pastagens e silagens foram severamente afetadas. A ração e outros produtos ficarão mais caros. A tendência é de aumento nos preços, acima do que é normal para o período”, analisa.
Há também uma expectativa de redução da oferta de carne de frango. De acordo com a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), muitas empresas estão com a operação reduzida ou suspensas. A situação é semelhante com a carne suína, conforme o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos do Estado (Sips). Os frigoríficos foram afetados e há dificuldade para o transporte de rações aos animais. O Rio Grande do Sul responde por 11% da produção nacional de frango e 19,8% da de suínos.
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Outro problema é no setor de laticínios. O recolhimento de leite foi afetado em 30% das propriedades, segundo o Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado (Sindlat), fora as dificuldades enfrentadas pelos produtores com a morte de animais e falta de luz.
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