Você conseguiria viver sem internet por um dia, uma semana, um mês? Não vale mentir! É preciso admitir que é muito difícil fugir da dependência criada com a rede mundial de computadores para qualquer tarefa rotineira.
Com frequência meus filhos – adultos jovens – me questionam:
– Pai, como vocês conseguiram viver sem internet?
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A pergunta vem acompanhada de um olhar de espanto como se tivessem visto um lobisomem. Eles perguntam com ênfase sobre os trabalhos escolares, realidade completamente diferente. Muitas vezes, ao despertar, antes de ir à faculdade, canso de vê-los escovar os dentes e, depois de ver as mensagens no celular, voltar para a cama. Ao serem cobrados, explicam:
– A professora mandou um WhatsApp avisando que não vai ter aula. Ela passou um trabalho pra semana que vem – explicam para espanto deste matusalém.
Tudo está na internet. O “tio Google”, o sabe-tudo, ostenta conteúdos sem limite. Será que tudo ali é verdadeiro? Claro que não! É um dos nascedouros de fake news e de uma infinidade de inverdades chanceladas pela repetição.
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Os trabalhos de colégio “no meu tempo” eram serviços braçais. Começava na hora de ir à biblioteca. que abrigava no máximo dois exemplares da obra necessária para consulta. A correria nos corredores em direção à biblioteca lembrava cenas de futebol americano. Sobravam cotoveladas, empurrões e obstruções. As enciclopédias mais famosas – Britânica, Barsa, Delta Larousse, Caldas Aulete, Mirador, entre outras – e os atlas geográficos eram disputados a tapa.
Realizados em grupo, os grupos para trabalhos de aula tinham personagens bem definidos: eram dois “CDFs” – aqueles que realmente pesquisavam –, dois preguiçosos que só assinavam (e reclamavam da demora!) e um último dotado de letra bonita ”pra passar o trabalho a limpo”. Essa era a minha função, graças às inúmeras aulas de caligrafia no primário.
Hoje os professores desenvolvem aplicativos para detectar plágios. Um professor da PUC, ex-colega de redação, relatou episódios que renderiam uma série para o Netflix, tamanha a variedade de golpes para copiar trabalhos.
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Com celular e notebook, tudo é possível. Outro amigo, professor universitário por décadas, desistiu da função. E abriu o coração:
– Não consigo dar aula enquanto os alunos zapeiam pela internet, buscando argumentos para me contradizer. Me aposentei! – confessou. Fiquei imaginando a situação: ele lá, parado, falando e alguns alunos jogando videogame. Sem Barsa, Mirador ou Enciclopédia Britânica…
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