Recentemente, lendo o belísimo artigo da professora Lissi Bender na Gazeta do Sul de 9 de março, sob o título Legado da Mulher Imigrante, a propósito do Dia da Mulher, me comoveu seu destaque aos esforços pessoais e coletivos, especialmente das mulheres, empenhadas na superação das dificuldades daqueles tempos.
Enviei-lhe uma mensagem de parabéns e admiração, aditando algumas considerações pessoais. Primeiramente, disse o seguinte: “O que seria das famílias sem as mulheres?!” Sim, pode ser uma pergunta, mas é, necessariamente, uma afirmação.
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E lhe contei uma breve passagem da minha primeira infância. Afinal, sua crônica da vida colonial me fizera lembrar dos vários relatos de minha mãe. Um em especial.
Ela contava que me levava, ainda bebê, junto à roça, colocava o “chiqueirinho” debaixo de árvores e a distância capinava e preparava a roça para o plantio. Dia após dia.
Entre outros fatos e detalhes, destacava um: para minha segurança, cercava meu “chiqueirinho” com dentes de alho. Dizia que o alho espantava as cobras!
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Dito isso à professora, mudei o foco e prossegui na minha fala. Disse-lhe: “Semana passada, durante três dias, visitei os municípios de Antônio Prado, Nova Pádua, Flores da Cunha e Caxias do Sul (Festa da Uva).”
Revendo a similaridade de nosso passado colonial, as origens, as circunstâncias e as dificuldades dos antepassados, e o valioso desenvolvimento produzido pelos ancestrais italianos e alemães, especialmente (mas vale para todos os imigrantes), lastimo o pouco caso familiar e educacional que fazemos dessa exemplar experiência humana e migratória.
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Experiência que deveria constar das primeiras aulas de todos os estudantes. Para os jovens compreenderem e nunca esquecerem que a vida nunca foi fácil, jamais será fácil, e que o pão diário depende do esforço pessoal de cada um.
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E por que ora destaco esses breves relatos? Respondo: para associar às dificuldades geracionais da atualidade. Explico: a geração mais recente (nascidos entre 2010 e 2024), nominada de geração Alpha, tem revelado alguns sinais preocupantes. Em modo parcial, inclua-se a anterior, a geração Z, os nascidos entre 1996 e 2010.
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Ainda que privilegiadas pela inserção e aptidão tecnológica, tem demonstrado grave fragilidade emocional, pouca resiliência e dificuldades em assimilar um “Não!”. E não à toa, são crescentes consumidores de medicamentos.
Porém, mesmo impressionado com os sinais em curso, não ousaria nominá-los vulgarmente de “geração mi-mi-mi”. Afinal, cada geração tem seus próprios desafios e haverá de superá-los, ainda que lenta e dolorosamente.
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