O Schulz é um dos bairros mais antigos e tradicionais de Santa Cruz do Sul. Teve início ainda no século 19, quando um casal de imigrantes vindos da Pomerânia se estabeleceu no local. Depois, passaram a vender lotes de terras. Assim, o lugar ficou conhecido como Vila Schulz. Até hoje, mesmo tendo o nome oficializado como Bairro Schulz, ainda há pessoas que se referem ao lugar como vila.
O último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2010, apontava 3.566 habitantes no bairro. O Schulz ainda é um ambiente mais voltado para áreas residenciais, mas vem crescendo na parte comercial e agregando muitos estabelecimentos, principalmente pela boa localização, perto do Centro e da BR-471.
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“Inicia em um ponto (P035) localizado no eixo da Travessa Erico Verissimo, no limite leste da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, seguindo pelo referido eixo, no sentido leste, até encontrar um ponto (P034) localizado no entroncamento com o eixo desta com a Rua São José, de onde segue, por este eixo, no sentido sul, passando pelo ponto (P033) localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Fernando Abott, seguindo pela Rua São José ainda no sentido sul, até encontrar um ponto (P036) localizado no entroncamento desta com o eixo da Av. Gaspar Bartholomay, seguindo por este eixo, no sentido sudoeste, até encontrar um ponto (P037) localizado no limite leste da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, de onde segue, no sentido norte, sempre pela referida Faixa, até encontrar o ponto inicial.” – Trecho da Lei Ordinária 8714, de 14/09/2021.
Uma pesquisa feita por José Augusto Borowsky e publicada na Gazeta do Sul em março de 2015 resgata parte da história do surgimento do Bairro Schulz, que é um dos mais antigos e tradicionais de Santa Cruz do Sul. Segundo Borowsky, o nome do bairro homenageia os fundadores Emílio e Bertha Kaddatz Schulz.
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De acordo com a publicação, o casal era natural da Pomerânia, região situada no norte da Polônia e da Alemanha. Os dois vieram para Santa Cruz, onde se estabeleceram na região entre a Travessa Erico Verissimo, Rua São José, Avenida Gaspar Bartholomay e a BR-471. A pesquisa foi feita com a ajuda de Liane Schulz Meinhardt, descendente da família Schulz. Ela comenta que Emílio chegou em Santa Cruz com os pais em 1872, com 13 anos de idade, e se casou com Bertha em 1882. “Bertha veio no mesmo navio e o namoro começou durante a viagem, na adolescência deles. Foi o que meus pais me contaram”, menciona Liane.
O casal residia em uma casa na Rua Olaria, perto da São José, no meio de um potreiro, e se dedicava à agricultura e à produção de leite. Com o tempo, foram vendendo terrenos da propriedade, fazendo com que nascesse a “Vila Schulz”. Conforme Borowsky, a comunidade fez questão de preservar a denominação original. Por isso, foi oficializado o nome Bairro Vila Schulz, atualmente somente Bairro Schulz.
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No final da década de 1930, o casal deixou o local, que na época ainda era considerado zona rural do município, e foi residir na Rua Ernesto Alves, no Centro.
Ilgo Simianer, de 78 anos, e Ivone Simianer, de 73, moram no Bairro Schulz há 39 anos. Antes disso, residiam no Santo Inácio e depois no Centro. O casal encontrou no Schulz um lugar sossegado para viver. Além da tranquilidade do bairro, que é – a maior parte – residencial, ele tem uma boa localização, sendo bem próximo da área central e ao lado da BR-471.
Embora seja tomado por casas, o Schulz também vem ampliando o potencial comercial. “É perto de tudo, essa é a melhor parte: rodoviária bem próxima, e agora também vieram vários supermercados para perto, e lojas. Está crescendo”, salienta Ilgo.
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Para Ivone, o que poderia melhorar é a pavimentação das ruas, principalmente na Rua Alegrete, onde mora. “Seria bom ter asfalto aqui”.
O Mercado Fritzen é um dos estabelecimentos comerciais mais tradicionais do Bairro Schulz, desde sempre localizado na Avenida Gaspar Bartholomay, número 1.235. Foi fundado por Rudi Fritzen, que faleceu aos 68 anos, em 4 de janeiro deste ano, deixando o legado para a filha Aline Nicolai e o genro Flávio José Nicolai.
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Atualmente, o casal conduz o empreendimento, que começou bem menor, mas ganhou amplitude nos anos seguintes. Flávio Nicolai conta que o Mercado Fritzen vai completar 34 anos de existência. “Na época, o seu Rudi era verdureiro. Aí eles vieram para a cidade e abriram um bar. Tudo teve início com um bar e depois começou o mercado”, comenta Flávio. A filha de Rudi, Aline, diz que se mudou para o bairro, onde mora até hoje, aos 11 anos, e desde então passou a trabalhar com o pai.
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Como o mercado fica na divisa com outros bairros, como o Bom Jesus, a clientela é boa e fiel e acaba agregando freguesia de outros lugares também. “É um bairro muito bom, não tenho do que me queixar. E também é muito bom para morar”, completa Flávio. Já são 29 anos morando no Bairro Schulz. “Quando o seu Rudi abriu, nem existia rua aqui, nem quadra tinha; foram abrindo as ruas naquela época. Depois, foi aumentando e o mercado também foi crescendo”, relembra o empresário.
Referência em tradicionalismo para o município e para o Rio Grande do Sul, o Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Lanceiros de Santa Cruz está localizado no coração do Schulz. Atualmente, metade dos integrantes da entidade são moradores do bairro, segundo o patrão, Luciano de Oliveira Pereira.
A fundação do CTG foi em 5 de agosto de 1961. “Havia uma sede pequena aqui ao lado, de frente para a Rua Farroupilha, mas, depois de um temporal, em 2003, ela caiu. No mesmo ano, alguns sócios que tinham um poder aquisitivo melhor ajudaram e foi construída essa sede atual”, explica Pereira. Segundo o patrão do Lanceiros, quando a entidade se estabeleceu no bairro, eram poucas residências no entorno. Atualmente, são muitas casas e moradores.
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No Lanceiros, praticamente todas as noites há ensaio. A comunidade abraçou o CTG e não se incomoda com a movimentação. “Nunca tivemos problemas, o povo aqui é muito acolhedor. Tentamos respeitar o máximo possível a questão de horários, mas em dias de semana temos ensaios toda noite e não há problema algum. O pessoal sabe que isso é importante para o bairro. É muito bom para as crianças e os jovens, que, ao invés de estarem na rua, estão no CTG”, acrescenta. Pereira frisa que uma parte do prédio da entidade é cedida para um projeto da Prefeitura de Santa Cruz que atende crianças no turno inverso da escola, cumprindo assim uma parcela do papel social do Lanceiros.
Durante a pandemia, o Lanceiros teve que dar uma pausa em grande parte das atividades. Para este ano, a expectativa quanto à participação no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart) é grande. “O CTG já ficou como o terceiro melhor grupo de dança do Estado, imagina, e sempre homenageando algo aqui da região, como a Catedral São João Batista. O grupo segue ensaiando direto, e está forte”. Ele complementa que atualmente o CTG conta com sete invernadas e um departamento cultural muito forte, além de ser a casa da prenda (Amanda Kothe Bartz) e do piá (Gabriel Kothe Bartz) do Estado. “Isso é um feito inédito para Santa Cruz e para a região, algo que para nós é um orgulho muito grande.”
*Colaborou o jornalista José Augusto Borowsky
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