A vida no bairro: conquistas por meio da mobilização comunitária

Quarto maior bairro de Santa Cruz do Sul em número de habitantes, de acordo com as últimas estimativas populacionais, o Faxinal Menino Deus está se desenvolvendo também no que diz respeito ao comércio e à infraestrutura. Ao longo da última década, a região recebeu diversos investimentos públicos e privados que melhoraram a qualidade de vida e o acesso da população a produtos e serviços, deixando para trás a necessidade de se deslocar ao Centro para a maioria das atividades.

Ao longo da história, muitas dessas conquistas se devem à forte atuação conjunta da população por meio da associação de moradores, que existe há, pelo menos, 40 anos e segue intercedendo junto à Prefeitura e demais órgãos públicos para atender às demandas locais. Quando houve a unificação dos bairros Faxinal e Menino Deus, a associação também se tornou uma só. Quem reside e empreende no bairro garante que é uma região acolhedora, próspera e segura.

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Delimitação do Faxinal Menino Deus

“Inicia em um ponto (P065) localizado no limite leste da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, seguindo por uma linha reta e imaginária, alinhada com a divisa norte do Loteamento Vale do Nazaré (Área Verde), no sentido nordeste, acompanhando a divisa do referido Loteamento, até encontrar um ponto (P064) localizado e alinhado com a divisa leste do referido Loteamento, de onde segue, no sentido leste, em linha reta e imaginária, até encontrar um ponto (P063) localizado no alinhamento norte da Rua Dona Carlota, partindo daí, no sentido norte, acompanhando a divisa do Loteamento Cobertura Negócios Imobiliários, até encontrar um ponto (P062) localizado na divisa sudeste do Loteamento Avifauna, seguindo por esta divisa no sentido nordeste até encontrar o ponto (P061), localizado na divisa nordeste do referido Loteamento, de onde segue, no sentido sudeste, até encontrar um ponto (P060) localizado no final do eixo do Corredor Municipal, de onde segue em linha reta, no sentido nordeste até encontrar um ponto (P222) localizado na divisa oeste de uma Área Verde de propriedade do Município, de onde segue, no sentido noroeste até atingir um ponto (P221) localizado na divisa sul da propriedade do Clube dos Subtenentes e Sargentos, de onde segue no sentido nordeste até encontrar um ponto (P220) localizado na divisa oeste desta propriedade, de onde segue por esta divisa, no sentido norte e após nordeste, passando pela Rua José Pedro Froehlich até encontrar um ponto (P219) localizado na divisa sudoeste da propriedade da Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich e uma Área Verde de propriedade do Município, de onde segue, no sentido nordeste, acompanhando a divisa da referida propriedade até atingir um ponto (P218) localizado na divisa noroeste desta propriedade, de onde segue no sentido sudeste ainda acompanhando a divisa da propriedade até encontrar um ponto (P217) localizado no alinhamento da divisa nordeste desta propriedade de onde segue em linha reta, no sentido sudeste até encontrar um ponto (P216), localizado no entroncamento dos eixos das Ruas Santa Maria e Dona Carlota, de onde segue, pelo eixo desta, no sentido sul até encontrar um ponto (P074) localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Candelária, seguindo por este eixo, no sentido sudeste, até encontrar um ponto (P073) localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Curitiba, seguindo pelo eixo desta, no sentido sul, passando por seu Prolongamento Imaginário entre as Ruas Dona Leopoldina e Dr. Willy Carlos Fröhlich e ainda seguindo por este eixo, até encontrar um ponto (P072) localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Sobradinho, de onde segue, pelo seu eixo, no sentido sudeste, até encontrar um ponto (P071) localizado no entroncamento desta com o eixo do Prolongamento da Rua Acre, seguindo por este eixo, no sentido sudoeste, até encontrar um ponto (P070) localizado e alinhado com a divisa sudoeste do Loteamento Arthur Muller, acompanhando a referida divisa, no sentido sudeste, até encontrar um ponto (P069) localizado na margem oeste do Arroio das Pedras, seguindo por esta margem, no sentido sudoeste, em linha irregular, até encontrar um ponto (P075) localizado no limite norte da Faixa de Domínio da Rodovia BRS-471, acompanhando a mesma Faixa, no sentido noroeste, até encontrar o ponto inicial.”

Centro Social Urbano

Quem trafega pela Rua Dona Carlota, nas proximidades do Presídio Regional, não demora a se impressionar com o tamanho das instalações do Centro Social Urbano. A estrutura atualmente é administrada pela Associação Educacional e Social para Crianças e Adolescentes (Aesca) e recebeu o nome de Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Centro Social Urbano. Em parceria com a Prefeitura de Santa Cruz do Sul, cerca de 90 crianças e adolescentes de 6 a 14 anos são atendidos diariamente no turno inverso ao da escola.

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Segundo a coordenadora Janaína Spessato, o público atendido, a maioria, vive em situação de vulnerabilidade social, mas há outros que buscam o espaço para conviver com os demais. “São muito participativos, tanto a comunidade quanto a família dos usuários”, afirma. O atendimento ocorre de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 17 horas. As atividades incluem práticas esportivas, o projeto Craques da Bola e oficinas de dança e música. Os frequentadores recebem almoço e lanche.

Histórias e iniciativas

Associação de moradores tem forte atuação

A história da associação de moradores é tão antiga quanto a do próprio Bairro Faxinal Menino Deus e tem pelo menos 50 anos, conforme a atual presidente, Sandra Scherer. Segundo ela, a atuação junto à comunidade é muito forte, seja por iniciativas próprias – como mutirões para limpeza e realização de melhorias –, seja para levar as reivindicações comuns ao poder público e cobrar a execução delas.

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Sandra destaca que, nos últimos 20 anos, a região cresceu muito, não apenas em termos populacionais, mas também na questão de infraestrutura. “Hoje nós temos as ruas quase todas pavimentadas, escolas, creches, postos de saúde e comércio. As pessoas não precisam mais sair daqui para fazer as suas atividades.” Comenta ainda que recebe muitos contatos de interessados em alugar imóveis no bairro devido à boa localização. “Nós temos saída para o Centro, Arroio Grande e Distrito Industrial, então muita gente quer morar aqui.”

Além dos novos moradores, ela afirma que existe uma renovação entre as famílias já estabelecidas. “Os antigos vão morrendo e os filhos ficam aqui, às vezes na mesma casa, não vão para outro lugar”, relata. Ao comentar sobre a segurança, Sandra garante que o Faxinal Menino Deus é uma região tranquila para morar. Há casos de violência, mas na mesma medida em que ocorrem em outros bairros. “Muita gente fala do presídio, mas ele já existe há 40 anos. Ninguém chega em nós e pergunta se é seguro morar aqui”, conta.

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Para o futuro, a presidente da associação de moradores vê ainda algumas necessidades a serem atendidas no bairro, sobretudo o fornecimento de água para as áreas mais elevadas. A reivindicação é por um reservatório com maior capacidade para atender a população. Além disso, há o objetivo de organizar uma feira rural nas instalações do Centro Social Urbano, bem como a implantação de novas estruturas de lazer no local, que hoje dispõe somente de uma quadra coberta que funciona mediante agendamento.

A experiência de vida levou à solidariedade

Morador do Faxinal Menino Deus desde que nasceu, Joel Alves Machado, o Chiquinho, de 35 anos, vivenciou todo o desenvolvimento da região ao longo das últimas décadas. Ele recorda da época em que a Rua Dona Carlota – a principal via do bairro – ainda era de chão batido e o principal ponto de lazer da comunidade era o Centro Social Urbano. “Ficava cheio nos finais de semana. Muitas famílias se reuniam ali para brincar e confraternizar”, lembra. Ele lamenta que, atualmente, o local funcione somente durante a semana e pede que haja a ampliação.

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Além da pavimentação de diversas ruas, Chiquinho destaca o avanço do Faxinal Menino Deus nas áreas da saúde e educação. Além de duas Estratégias de Saúde da Família (ESFs), o Faxinal Menino Deus conta com duas escolas de Educação Infantil, duas escolas de Ensino Fundamental e a Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich, o Polivalente. Apesar dessas estruturas, ele analisa que há a carência de locais de lazer. “Precisamos de um local para a prática de esportes e uma pracinha. O benefício para as crianças não seria somente a diversão, mas também um estímulo para desconectá-las da tecnologia”, frisa.

Fundador do núcleo santa-cruzense da torcida colorada Guarda Popular, Chiquinho é também um líder comunitário no que diz respeito às ações sociais. Ele é proprietário de um bar onde os torcedores do Internacional se reúnem para assistir aos jogos do time. No fim do ano, os frequentadores realizavam um torneio de futebol cujo ingresso era um quilo de alimento não perecível para ser doado às famílias carentes. Posteriormente foi criado o Grupo Solidário Amigos do Chiquinho.

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Desde então, o projeto realiza ações solidárias durante a Páscoa, Dia da Criança e Natal, com o objetivo de arrecadar e distribuir doces e presentes para as crianças do bairro. Durante a pandemia, a campanha Sopão Solidário distribuiu refeições em toda a Zona Sul do município e atualmente está em curso a campanha do agasalho. A programação para o Natal já está sendo organizada e o evento deve ocorrer em local fixo, com brinquedos infláveis e distribuição de presentes.

Um bom lugar para os negócios

Moradores antigos do bairro, os familiares de Vanessa Pedroso perceberam, há mais de 30 anos, que se tratava de um local com potencial para receber empreendimentos. O primeiro comércio foi um bar, que posteriormente se tornou uma loja de móveis usados e de roupas. Atualmente, a Vanessa Modas se dedica somente ao ramo do vestuário. No ano 2000, compraram também uma farmácia que, desde então, funciona perto do trevo da Rua Dona Carlota com a Rua Dona Leopoldina.

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Vanessa conta que a decisão de investir no bairro se deu por motivo de oportunidade, mas também devido aos valores elevados dos aluguéis no Centro. “Nós somos uma família antiga aqui no Faxinal, as pessoas nos conhecem, então isso facilita tudo.”

Relato semelhante é feito pela empresária Jéssica Soder. Há 35 anos, a família é responsável pelo Supermercado Soder, que começou como um armazém e cresceu ao longo dos anos. Ela conta que a família foi morar no bairro cerca de dois anos antes de abrir o estabelecimento, que era um sonho do pai e acabou se concretizando com muito trabalho.

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Ao longo dos anos o vínculo com a comunidade se fortaleceu. Hoje, os clientes são, a maioria, moradores do bairro, mas nos últimos meses há muitos que se deslocam de outros pontos da cidade para fazer compras. Ela também considera o Faxinal Menino Deus um ótimo lugar tanto para viver quanto para investir em razão da infraestrutura e das pessoas. “Temos muito orgulho de morar e trabalhar aqui.”

Polivalente é um símbolo do bairro

Fundada em 20 de dezembro de 1971, a Escola Estadual de Ensino Médio Willy Carlos Fröhlich atua há mais de 50 anos junto à comunidade. Ao longo dessas cinco décadas, foi responsável pela formação de milhares de moradores do Bairro Faxinal Menino Deus. O educandário atende cerca de 750 estudantes dos ensinos Fundamental e Médio, distribuídos em 33 turmas nos três turnos de funcionamento. O quadro de pessoal conta com 69 professores e 15 funcionários que trabalham em 14 salas de aula e demais instalações administrativas.

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Conforme o diretor Gerson Kist, grande parte dos alunos é moradora do Faxinal, mas há muitos de outros lugares, sobretudo no Ensino Médio. “Agora não existe mais zoneamento. Desde que tenha vaga, qualquer estudante pode se matricular aqui”, salienta. Além da oferta de Ensino Médio no período noturno, Kist destaca a qualidade das instalações e do corpo docente da escola como diferenciais.

Ainda em relação à pandemia, o diretor afirma que o ensino não conseguiu se recuperar dos quase dois anos de distanciamento e aulas on-line. Revela que os alunos, por mais que tenham avançado nas séries, muitas vezes não são capazes de acompanhar o conteúdo proposto e os professores precisam fazer revisões para reforçar o aprendizado. Outra questão preocupante é o aumento significativo no número de estudantes com transtornos de comportamento e problemas psicológicos e psiquiátricos. “Se antes tínhamos dois ou três casos de depressão, hoje são mais de 50”, conta.

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