O Bairro Santa Vitória surgiu pelo anseio de uma comunidade por melhor infraestrutura e qualidade de vida. Criado em 2010, ele fica na Zona Sul de Santa Cruz do Sul. O bairro figura entre os mais populosos do município, na sétima posição entre os 36. A população estimada é de 5 mil habitantes, conforme mapa temático produzido pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) a partir do Geoprocessamento do Município e com base no Censo de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
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O local teve origem a partir da união de antigos bairros: Harmonia, Cristal, Glória e Imigrante. Seu território fica próximo à BR-471 e, no lado oeste, se encontra com a área rural do município. Dados da Prefeitura mostram que o Santa Vitória conta com cerca de 80 empreendimentos comerciais e de prestação de serviços, e aproximadamente 1,4 mil residências. O nome do bairro foi definido a partir da sugestão dos moradores.
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A história da região do Bairro Santa Vitória começa muito antes do formato que ele tem hoje. Para entender como era o local, o presidente da associação de moradores, Roque Antônio Ramos, de 58 anos, conversou com a Gazeta do Sul.
Há 24 anos no cargo, ele relembra que os primeiros moradores chegaram há 40 anos, na extinta Vila União. “Onde temos nossa praça central funcionava um lixão, que foi transferido para outro ponto em 1985. A partir disso, mais moradores começaram a se instalar aqui, surgindo os quatro bairros.”
O presidente ressalta que, na época, esses lugares careciam de melhor infraestrutura, como saúde, educação e segurança. Para que os investimentos acontecessem, era necessário unir os bairros.
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“Naquele tempo, a Prefeitura informou que precisávamos atingir determinado número de moradores para irmos em busca de recursos federais. Nossa alternativa era unificar os bairros. No início, os representantes de cada local não gostaram da ideia. Só depois de muitos encontros e debates, todos concordaram”, disse Ramos. A partir da união, iniciava-se o processo para criar um novo bairro em Santa Cruz do Sul.
O próximo passo foi escolher o nome do lugar. De acordo com Ramos, a Prefeitura havia sugerido a designação de Concórdia, tendo como referência o acidente aéreo com o avião da TAM em 2007, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, que causou a morte de 199 pessoas. “A comunidade não concordou, pois o nome relembra uma tragédia.”
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Para decidir o nome, o presidente conta que uma eleição foi realizada com sugestões, como Santa Vitória. “A população logo gostou, e fixamos então a nomenclatura.” Depois de todo esse processo e a documentação encaminhada, o Bairro Santa Vitória passou a receber investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
“Atingimos o público que precisávamos. As melhorias começaram pelas ruas, que foram asfaltadas; posto de saúde; escola; cozinha comunitária e outros”, salienta Ramos. Atualmente, o bairro conta ainda com duas escolas – municipal e estadual; duas creches; dois postos de saúde; um Centro de Referência de Assistência Social (Cras) e necrotério.
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O bairro é um dos mais carentes de Santa Cruz do Sul e, por algumas vezes, sofre com a violência. Por isso, a comunidade de lá se uniu em favor das crianças e jovens, como uma forma de tornar a educação mais acessível e integrá-los em projetos sociais.
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Um dos locais que oferecem esse atendimento é o ginásio ao lado da Escola Estadual de Ensino Fundamental Nossa Senhora da Esperança. Roque Ramos explica que ali as 42 crianças recebem café da manhã, praticam atividades esportivas e educativas e fazem aula de informática. “As pessoas mais carentes precisam disso. E é o que eu gosto de fazer: cuidar das nossas crianças.”
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Com as melhorias que o bairro recebeu, Ramos ressalta que o local está mais calmo, se comparado há alguns anos. “Ainda temos preocupação com a nossa praça central, que recebe pessoas de toda a cidade. Muitas vezes, ela amanhece depredada. Queremos que isso pare, e as pessoas se conscientizem.”
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Outro ponto destacado pelo presidente é a expansão que o bairro vem experimentando. “O Residencial Santa Maria 1, por exemplo, não faz parte do nosso bairro, mas estamos sempre ajudando, pois eles não têm infraestrutura. Nossa ideia é anexá-los ao bairro.”
O primeiro Centro de Referência em Assistência Social (Cras) de Santa Cruz do Sul está localizado no Bairro Santa Vitória: Cras Beatriz Frantz Jungblut. O espaço atende cerca de 5 mil famílias do município, sendo 530 crianças entre 6 e 15 anos e 2 mil pessoas por meio do Cadastro Único da Prefeitura.
No ano passado, o local celebrou 15 anos, com uma homenagem para a educadora Beatriz Frantz Jungblut, falecida em 1992 e que dá nome ao Centro. A coordenadora Márcia Weber frisa que cerca de 500 pessoas são atendidas mensalmente.
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“O Cras atende também pessoas de outros bairros, como o Dona Carlota, o Faxinal e o Menino Deus, e de loteamentos como o Beckenkamp.” Além de oferecer serviços de encaminhamento de benefícios, orientação e atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social, o lugar é conhecido pela disponibilidade de projetos.
No Cras Beatriz são ofertadas oficinas por meio do Programa Transformação para jovens de 14 a 18 anos, com aulas de língua inglesa, mídias sociais, acesso ao mercado de trabalho, grafite, dança e inglês kids (9 a 13 anos). Outro curso é o Master Cheff Social, do Senac, com oficina de culinária.
“Toda pessoa que entra aqui no Cras é atendida. A maioria dos pedidos é para benefícios eventuais, como cesta básica, auxílio por morte ou Bolsa Família”, afirma a coordenadora. Encaminhamento de currículo e até mesmo preenchimento também são feitos no local ou via internet, por meio do site da Prefeitura, pelo programa Santa Cruz Qualifica. Ele foi criado para ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade a encontrar vagas de emprego no município.
Marli Rodrigues de Moraes reside no Santa Vitória há quase quatro anos. Ela afirma que tem bons vizinhos e, inclusive, optou pelo local após indicação de uma amiga. “Sou natural de Sobradinho e gosto muito de morar aqui. O atendimento nos postos de saúde também é muito bom. Adoro nosso bairro.”
Com sorriso no rosto, Marli chama sua filha para conversar com a Gazeta. Paloma Moraes Padilha, 12 anos, é estudante e concorda com a mãe sobre o bairro. “É bom morar aqui, pois tenho muitos amigos e participo de projetos, como aula de dança e judô e reforço escolar.”
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Quem também tem orgulho do bairro é Naiane Frantz, que é administradora de um mercado local. “Estamos há dez anos nesse ponto e realizamos muitas melhorias para atender a comunidade. O bairro foi crescendo e precisamos acompanhar.”
O estabelecimento leva o nome do bairro – Mercado Santa Vitória – e emprega dez pessoas, a maioria da própria região. “Eu não resido aqui, mas já me sinto uma moradora. As pessoas estão sempre ajudando e gostam de comprar com a gente”, afirma Naiane.
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