Me adianto em pedir desculpas porque esta coluna não será tão fora de pauta assim. Isso porque optei, hoje, por falar sobre um tema que vem sendo tratado diariamente aqui nas páginas da Gazeta do Sul. É a primeira vez que vejo uma Feira do Livro de Santa Cruz do Sul, já que não sou natural daqui e moro na cidade há pouco mais de um ano. Neste 2022, trabalharei na cobertura da 33ª edição.
Há, porém, algo de peculiar – pelo menos para mim – nesta feira. A presença da patrona Leticia Wierzchowski me encheu os olhos e logo pedi: quero participar da coletiva de imprensa. Não é qualquer autora. Leticia escreveu A casa das sete mulheres, que lá, quando eu tinha uns 10 anos de idade e o livro foi transformado na série televisiva, me despertou a vontade de saber mais sobre a história do nosso Estado. Consequentemente, me influenciou no que eu leria, anos depois. Já comentei, em outras oportunidades, sobre o quanto gosto da disciplina de História. Nunca fui uma adolescente muito normal e uma das minhas primeiras leituras foi a biografia de Olga Benário, escrita por Fernando Morais – influência da minha mãe professora de História, óbvio.
Mas, voltando à patrona. Leticia escreve, entre outras coisas, mas sobretudo, a respeito de mulheres. Escreveu sobre a força das que esperavam os maridos, pais e irmãos nas estâncias enquanto transcorria a Revolução Farroupilha. Mais tarde, dando continuidade à trilogia, escreveu Um farol no pampa e, para encerrar a obra que teve início com A casa das sete mulheres, escreveu Travessia, que conta como foi a vida de Anita Garibaldi, principalmente depois que a catarinense conheceu o italiano Giuseppe. Ainda está na minha cabeça o capítulo que narra a chegada da morte – na vida – de Anita. Dizem que no momento da morte, um filme com os principais momentos da nossa vida se passa em nossa cabeça. Não sei o que se passou nos pensamentos de Anita naquele 1849, ninguém sabe. Mas Leticia soube imaginar muito bem. “Eu também me movia, eu também me movia… A vida é sempre uma espécie de dança.” Essas frases ficaram na minha cabeça. Nas minhas tantas moradas, ao fim e ao cabo, minha vida também é sempre uma dança.
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Menciono Leticia com apreço, pela narração da vida de mulheres, por admirar Erico Verissimo, e de fato ter histórias parecidas com o incrível O tempo e o vento, mas nunca tentar superá-lo, nem ser igual. São obras diferentes, grandiosas, cada uma a seu modo. Erico também narrou a vida e a força das mulheres. Bibiana, Ana Terra, até a Teiniaguá. Aproximadamente dez anos depois do lançamento de A casa das sete mulheres, terminei de ler o total dos sete livros de O tempo e o vento, compostos por O continente, O retrato e O arquipélago. Me apaixonei. Em 2013, tatuei na pele com a grafia de Erico: “O vento maneia o tempo.”
Mas o que isso tem a ver com Leticia? A verdade é que eu não teria lido a trilogia de Erico, nem Clarissa, nem A noite, nem tantos outros escritos por ele, se não tivesse sido apresentada, aos 10 anos de idade, ao grandioso A casa das sete mulheres. Por toda essa dança, obrigada, Leticia.
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