“Lebe, wie du, wenn du stirbst, wünschen wirst, gelebt zu haben.” – Christian Fürchtegott Gellert, poeta e filósofo do Iluminismo alemão. Já nos idos do século 18, Gellert animava as pessoas a viverem em conformidade com a vida que desejariam ter vivido, quando a hora derradeira chegasse. Afinal, como vivemos nossas preciosas vidas? Aqui volvo meu olhar para Rainer Maria Rilke – ah, sempre este fantástico poeta na minha vida! – Expoente da literatura do século 20 em idioma alemão.
“Vivo minha vida em círculos crescentes
que se estendem por sobre as coisas.
Talvez não realize o último,
mas quero tentar.
Giro em torno de Deus, da torre ancestral,
e giro há milhares de anos
E ainda não sei: sou um falcão, uma tempestade
ou uma grandiosa canção.”
“Ich lebe mein Leben in wachsenden Ringen,
die sich über die Dinge ziehn.
Ich werde den letzten vielleicht nicht vollbringen,
aber versuchen will ich ihn.
Ich kreise um Gott, um den uralten Turm,
und ich kreise jahrtausendelang;
und ich weiss noch nicht: bin ich ein Falke, ein Sturm
oder ein grosser Gesang.” Rainer Maria Rilke
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Em outro texto, Rilke fala sobre o que não está resolvido na vida:
“É preciso permitir às coisas o seu silencioso tempo de desenvolvimento, que vem da profundeza interior e que não tem como apressar. Tudo é lançar – para então nascer… amadurecer como a árvore que não pressiona sua seiva e permanece confiante em meio às tempestades primaveris. Sem temor de que o verão possa não vir. Ele vem! Mas ele vem somente para os perseverantes, que estão aí, como se a eternidade se estendesse diante deles, despreocupados, com toda a serenidade… É preciso ter paciência para com tudo que não está resolvido no coração e tentar amar os questionamentos, como salas chaveadas e como livros escritos em uma língua estrangeira. Trata-se, pois, de vivenciar tudo. Quando se vivencia as perguntas, talvez se possa, gradualmente, sem perceber, viver nas respostas em algum dia distante.
“Man muss den Dingen die eigene, stille ungestörte Entwicklung lassen, die tief von innen kommt und durch nichts gedrängt oder beschleunigt werden kann, alles ist austragen – und dann gebären… Reifen wie der Baum, der seine Säfte nicht drängt und getrost in den Stürmen des Frühlings steht, ohne Angst, dass dahinter kein Sommer kommen könnte. Er kommt doch! Aber er kommt nur zu den Geduldigen, die da sind, als ob die Ewigkeit vor ihnen läge, so sorglos, still und weit… Man muss Geduld haben Mit dem Ungelösten im Herzen, und versuchen, die Fragen selber lieb zu haben, wie verschlossene Stuben, und wie Bücher, die in einer sehr fremden Sprache geschrieben sind. Es handelt sich darum, alles zu leben. Wenn man die Fragen lebt, lebt man vielleicht allmählich, ohne es zu merken, eines fremden Tages in die Antworten hinein.” R.M. R.
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Rilke nos convida a sermos pacienciosos e amorosos para com o que faz parte da vida. E, por falar em amar tudo, lembro de um poema de outro grande poeta, este da literatura portuguesa – Fernando Pessoa:
Eu amo tudo o que foi
Tudo o que já não é
A dor que já não me dói
A antiga e errônea fé
O ontem que a dor deixou
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.
Deveras, na vida importa serenidade e amorosidade para com tudo que dela faz parte. Finalizo com as palavras do famoso médico e filósofo, pacifista franco-alemão Albert Schweitzer: “A única coisa que importa na vida são os rastros de amor que legamos, quando partimos” – “Das einzig Wichtige im Leben sind die Spuren der Liebe, die wir hinterlassen, wenn wir gehen”.
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