Segue em andamento na esfera judiciária um caso que gerou grande repercussão. Trata-se da briga generalizada registrada em 27 de maio, durante evento promovido pelo Clube de Mães Flores do Campo, em um salão de baile na localidade de Linha Banhado Grande, interior de Gramado Xavier. Na ocasião, Sidnei Alves dos Santos, de 35 anos, foi morto com um tiro de pistola e várias pessoas ficaram feridas. O autor do disparo é o proprietário da empresa que fazia a segurança durante o evento.
No inquérito policial, finalizado em 28 de junho, os elementos colhidos na investigação levaram o delegado Paulo César Schirrmann a concluir que o empresário agiu em legítima defesa própria e de terceiros, seus funcionários, em virtude das agressões sofridas por eles. Aliviado, o dono da empresa de segurança, por meio de sua defesa, procurou a Gazeta do Sul para se manifestar. “A verdade prevaleceu”, disse ele.
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Ainda com receio de desdobramentos que possam ocorrer a partir de ameaças feitas por conhecidos da vítima, o empresário pediu para manter seu nome em sigilo. “A versão dele, desde o primeiro dia, se confirmou agora junto com a decisão do delegado. Apesar de ser um fato lamentável, foi a forma que ele e a equipe tiveram no momento para sair de lá”, comentou o advogado Antonio Felipe de Souza, que representa o empresário.
“Enquanto defesa, entendemos que é um caso que vai agora para a Promotoria. Ele ainda pode ser indiciado, pois isso vai depender do entendimento do promotor que analisá-lo. Por óbvio, esperamos que não aconteça, pois o que ele sustentou se confirmou na investigação”, salientou o advogado Fabrício Olávio Hauth, que também defende o autor do disparo.
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O empresário é colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC). Segundo ele, sua pistola Taurus modelo G3 Toro, calibre 9 milímetros, usada para efetuar o disparo, era registrada em seu nome, mas ele não tinha porte e estava com ela durante a confusão. Por isso, irá responder por porte ilegal de arma de fogo.
Sidnei Alves dos Santos era conhecido por seu envolvimento com a criminalidade. Colecionou ocorrências ao longo dos anos. São 18 registros em sua ficha desde 2006, a maioria por delitos cometidos em Gramado Xavier, mas também em Santa Cruz do Sul, Sinimbu e Herveiras. Entre os crimes pelos quais respondeu estão homicídio, tentativa de assassinato, roubo a estabelecimento comercial, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, disparo de arma de fogo e ameaça.
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Os detalhes da prisão
A ocorrência no dia 27 de maio, um sábado, começou por volta de 21h20. A banda de baile contratada terminou de tocar e uma briga entre dois homens iniciou-se perto da copa. Foi quando cinco seguranças – quatro homens e uma mulher – retiraram para fora um dos indivíduos, que estava embriagado e causando perturbação. Nesse momento, outros que estavam com ele – entre dez e 15 pessoas – investiram contra os agentes e passaram a agredi-los.
Os ataques iniciaram-se dentro do salão e continuaram na rua. Com barras de ferro arrancadas dos pés das cadeiras, pedaços de pau e cassetetes retirados da cintura dos próprios seguranças, o bando partiu para cima dos profissionais contratados para fazer a guarda do evento. Então, o empresário santa-cruzense efetuou um disparo que atingiu Sidnei e feriu outros dois agressores.
Detalhes até então não revelados sobre o caso foram explicados pelos advogados, como, por exemplo, a prisão do empresário logo após o fato. Segundo eles, isso ocorreu em razão de uma única testemunha, que teria revelado aos policiais militares, ainda na cena do crime, que a vítima portava uma arma. Na madrugada, já na Delegacia de Polícia de Pronto Atendimento de Santa Cruz, em depoimento formal aos escrivãos, teria ficado com receio de confirmar a informação, em virtude de conhecidos de Sidnei Alves dos Santos também estarem no prédio.
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Laudo apontou apenas um tiro
Conforme os defensores, está nos autos do inquérito que um morador que não quis prestar socorro a conhecidos da vítima fatal teria sido hostilizado em sua própria casa. “Não condeno a testemunha por não ter confirmado na delegacia que ele estava armado. São vizinhos e essa pessoa voltaria pra lá, então poderia sofrer algum tipo de represália, como outro sofreu”, comentou o empresário, que foi solto no dia seguinte à prisão, em decisão da juíza Luciane Inês Morsch Glesse. Ela alertou no despacho para os indícios de legítima defesa.
Outra informação apresentada pelos advogados diz respeito ao disparo. “Pessoas chegaram a afirmar que ele atirou pelas costas, na cabeça, e que teriam sido 15 tiros, coisas do tipo. Está no laudo que foi um tiro, que entrou pelo braço, e a causa da morte foi hemorragia interna”, comentou Antonio. O laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) ainda apontou que não houve traumatismo craniano, conforme chegou a ser dito, em razão de supostas pauladas que Sidnei poderia ter sofrido.
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