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A velha paineira que ativa memórias na Escola Goiás

Quem passa em frente à Escola Goiás, na Rua Carlos Trein Filho, no Centro de Santa Cruz do Sul, certamente já se impressionou com o tamanho e a beleza de uma das árvores presentes no pátio do educandário. Trata-se de uma paineira, espécie nativa das florestas do Brasil e de outros países da América do Sul. Além da imponência de seu tronco, a sombra proporcionada pela árvore também traz alívio a quem transita sob suas folhas, especialmente nos dias de verão.

Testemunha de seu plantio e crescimento, o barbeiro Isidoro Becker, o Bekinha, 82 anos, diz não lembrar-se exatamente de quando ela foi plantada, mas afirma que foi ainda nos anos 1960, por quatro meninos. Bekinha é proprietário de uma barbearia localizada na Rua Júlio de Castilhos, a poucos metros da paineira. Trabalhando no mesmo local há 62 anos, ele acompanhou todo o desenvolvimento da planta, desde pequena e fina até crescer e tornar-se imponente como é hoje. Com aproximadamente 60 anos, é provável que seja uma das árvores mais antigas ainda vivas na área central de Santa Cruz do Sul.


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Com oito décadas de vida e seis de profissão, Bekinha também testemunhou o desenvolvimento do município, especialmente do centro, onde trabalha desde 1958. “Aqui para trás do Goiás não tinha quase nada, era tudo mato. Começou a se desenvolver depois”, conta. A Rua Carlos Trein Filho, hoje uma das principais vias do município, era pequena e ia apenas até onde atualmente é o Sesi, enquanto a São José, nas palavras do barbeiro, era “apenas uma picadazinha.”

Morador das redondezas há décadas, o aposentado Armindo Thier, de 93 anos, também tem memórias do local e da paineira. “Teve um tempo que uma turma de esmoleiros (pedintes) moravam embaixo dela. Não tinha cerca fechada como hoje, era uma cerquinha baixa, então eles dormiam ali, deitados na grama. Cheguei a fazer doações de roupas para eles”, recorda. Ele conta que também foi aluno da Escola Goiás. “Atrás desse colégio não tinha nada, ali era um potreiro onde se armavam os circos e os tropeiros deixavam o gado trazido de outras cidades”, recorda.

Bekinha e Armindo testemunharam o desenvolvimento da árvore no pátio da escola

A dúvida quanto à espécie

Imponente, a paineira tem a ajuda das tipuanas para garantir a sombra dos alunos

A árvore do pátio da escola Goiás motivou dúvidas e debates na redação da Gazeta do Sul. Uns diziam ser uma figueira, enquanto outros afirmaram que trata-se de uma paineira. Houve até quem dissesse que é, na verdade, um jequitibá. Quem acabou com o impasse foi o agrônomo santa-cruzense Paulo Backes. Analisando as fotos enviadas, ele confirmou que a espécie é, realmente, uma paineira (Ceiba speciosa). Backes também é mestre em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e autor dos livros Árvores do Sul e Árvores Cultivadas no Sul do Brasil, além de fotógrafo e organizador de diversas mostras e exposições.

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