Estresse, pressão para a perfeição, problemas financeiras pela falta de reposição salarial e a inexistência de valorização profissional. Esses são apenas alguns dos fatores elencados pelo diretor da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho (Abamf), soldado Dionatas Santos de Souza, para justificar a crise de saúde mental que os policiais militares estão vivendo no Rio Grande do Sul. “De janeiro até agora, tivemos mais de 800 afastamentos médicos por transtornos mentais. Em 2023, foram realizadas mais de 23 mil consultas com profissionais de saúde mental. E o mais preocupante: nosso Estado tem os piores índices de suicídio entre policiais militares no Brasil. A saúde mental dos policiais nos preocupa e é um desafio urgente”, disse ele.
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A entidade em que ele atua representa a grande massa de policiais militares no Rio Grande do Sul, com 8 mil associados, desde soldados até coronéis. Ao todo, são 16 sedes regionais, incluindo Santa Cruz do Sul. Conforme o diretor da Abamf, policiais que estão na reserva não tiveram aumento real de salários nos últimos 6 anos, com perdas inflacionárias de mais de 65%. “A carreira e progressão dos praças da Brigada Militar estão represadas, com soldados com 24 anos de serviço sem nenhuma promoção, alguns deles indo para reserva como soldado, algo terrível. Somente neste ano, tivemos 14 casos de suicídio, sendo sete PMs da ativa e sete da reserva”, revelou Dionatas.
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Uma das alternativas para prevenir os problemas é o chamado programa Anjos, da Brigada Militar. “É um projeto que tem nosso total apoio e busca prevenir o suicídio. Além disso, oferecem assistência em saúde mental por meio da Seção Biopsicossocial e hospitais da Brigada Militar. Mas também, precisamos de políticas de valorização dos policiais, incluindo aumento salarial real e progressão na carreira, adequação da Lei Orgânica Nacional e ampliação dos recursos disponíveis.”
Para Dionatas, a saúde mental dos policiais é tão importante quanto a saúde física. “Não deve-se hesitar em buscar ajuda se precisar. Estamos trabalhando para melhorar a situação no nosso Estado, mas precisamos do apoio de todos”, finalizou o diretor da Abamf.
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