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A reinvenção da democracia

Ainda tem sentido falar de política como uma atividade importante? Não à toa, há quem já tenha anunciado o fim da história, o fim da democracia, o fim do estado nacional, a despolitização da sociedade, a morte da política.

Há recorrentes sinais nesse sentido: abstenção eleitoral crescente, filiações e candidaturas medíocres, excesso de partidos, desinteresse por questões públicas, corrupção, etc.

Assim como há inúmeras representações e reivindicações sociais com objetivo único e próprio, mas que atuam em movimentos e ações apolíticas e apartidárias.

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Mas há fatos (sinais!) mais complexos. Colabora para a descrença e a ineficácia da política a privatização e a delegação de inúmeras funções típicas (e importantes) de Estado, sua substituição pelo mercado e/ou pelas redes e organizações não governamentais.

O professor português Boaventura de Sousa Santos (1940) afirma que “um conjunto híbrido de fluxos, redes e organizações (…) se combinam e interpenetram elementos estatais e não-estatais, locais, nacionais e globais”.

O economista austríaco Peter Drucker (1909-2005), em sua obra As novas realidades, afirma que “tanto o pluralismo da sociedade como o novo pluralismo dos grupos comunitários representam desafios ao processo político”.

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O cientista político argentino Carlos Maria Vilas (1943) diz que “a ideia convencional do Estado está sujeita a questionamentos. A globalização desnacionaliza a política, à medida que a desterritorializa”.

Exemplos de pluralismo de ação e representação além das fronteiras geográficas: as empresas multinacionais e transnacionais, os escritórios de serviços, as universidades e as ONGs internacionais, entre outros.

São relações sociais (e de poder) influenciadas pela mundialização da economia, pela globalização das informações e da cultura, combinadas com a modernização tecnológica. E que determinam transformações no modo de representação e atuação da política.

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Sejam os regimes democráticos ou autoritários, há evidências suficientes que determinam a necessidade de reinventar a política, reinventar o governo e, mais grave, reinventar o sistema democrático.

Afinal, acumulam-se as crises de autoridade, de representatividade, de legitimidade, intolerância social, políticas públicas e locais sem efetividade, concentração de renda, exclusão social, etc.

Ainda que na aparência e fama (e estardalhaço) sugira fertilidade e abundância, objetiva e infelizmente, a democracia não está entregando o que promete!

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