A persistência do mau tempo, com os estragos dele decorrentes e a dificuldade que isso acarreta para o restabelecimento das atividades em comércio e serviços e, especialmente, na infraestrutura, sinaliza para uma missão urgente. As entidades públicas e privadas e os organismos da região precisarão sintonizar ao máximo, e unir-se de uma maneira que talvez nunca tenha ocorrido. É incontornável que a sociedade terá de se reeducar não apenas na forma como lida com o meio ambiente, com o lugar em que vive (que, definitivamente, não está mais a seu serviço ou para usufruto conforme interesses individuais). Ela precisará compreender que a tarefa da reconstrução e, mais ainda, da preservação de um mínimo de qualidade de vida não poderá vir de apenas alguns. Esse é um compromisso de todos.
Por exemplo: o Rio Pardinho. De que adiantaria apenas Santa Cruz do Sul lançar uma campanha para abraçar esse fundamental, indispensável recurso natural? Não é a água dele que bebemos todo dia? Não é com a água dele que nos banhamos? Ou buscamos recuperar um tanto das energias, tomados de exaustão, quando colocamos as mãos em concha sob a torneira e depois as levamos ao rosto. Não é com a água dele que todos os seres vivos em todo o entorno contam exatamente como nós, humanos, contamos?
Que sentido faria Santa Cruz ou apenas algumas localidades esforçarem-se para darem atenção ao rio se as demais municipalidades o ignorassem e seguissem descuidando dele, ou agredindo-o? Ou também poderia ocorrer o contrário: Sinimbu, por exemplo, zelar por ele, mas Santa Cruz e Vera Cruz não. Seguiriam todos pagando o preço coletivo da desatenção de alguns.
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O que vale para o Pardinho vale para um arroio, uma encosta, uma área de risco. Quando o vizinho da parte superior de um morro o descaracteriza, o perigo não afeta apenas esse morador ou seus vizinhos; toda a parte de baixo da mesma área ficará à mercê do que pode acontecer a cada nova tempestade.
Quantas vezes alguém não terá erguido a cabeça do travesseiro em uma madrugada, despertado do sono e dos sonhos para um pesadelo real: de que, talvez, a chuva que cai lá fora venha a provocar deslizamento de encosta. Não podemos, coletivamente, seguir com o temor intermitente, e muito menos admitir que o custo econômico e psicológico, social, dessa fatura se imponha a cada semana para a coletividade.
Cada entidade (em particular os especialistas na área ambiental) deve ser convidada ou convocada, e pela primeira vez realmente levada a sério em suposições e sugestões proativas. Há décadas, o ambientalista José Lutzenberger viera a Santa Cruz para ajudar a identificar onde haveria riscos no futuro: eles se concretizaram. Pelo visto não levamos a sério naquela época; se continuarmos não levando a sério, é porque o nosso é mesmo um… caso perdido.
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