A fase anda tão ruim que a simples notícia de que teremos dias de sol com temperatura “amena” já nos enche de regozijo. Essa, ao menos, era a previsão do tempo na última segunda-feira, 15, depois de semanas em que sair de casa exigiu muito otimismo, determinação e força de vontade.
Os especialistas no comportamento climático diziam que poderíamos ter a ocorrência, inclusive, de uma temperatura de até 28 graus. Isso, pelos padrões mais recentes em nosso Estado, corresponde a uma verdadeira temporada de verão em pleno inverno que ainda se estenderá por muitos meses.
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Estamos “apenas” na segunda metade de julho. Mas parece que estamos tipo… em setembro ou outubro porque vivenciamos um ano muito longo. A nossa saúde tem sido posta à prova diariamente. A sucessão de temperaturas negativas, associada à umidade e ventos gelados foi um desafio, senão inédito, poucas vezes visto com tanta intensidade em solo rio-grandense.
Milhões de conterrâneos gaúchos sucumbiram às águas que varreram municípios, muitos deles que jamais haviam sido atingidos pelas enchentes. Está cada vez mais difícil imaginar chegarmos em dezembro com algum resquício de saudade deste ano estarrecedor. A pergunta desafiadora é: o que os próximos cinco meses nos reservam?
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No último final de semana, pela primeira vez, fui ao Vale do Taquari, a Lajeado, depois das cheias do rio Taquari em maio. Confesso que a ida deveu-se a situação extrema, por um compromisso inadiável. Desde a tragédia reluto em fazer essa viagem por causa do cenário de guerra e dos relatos de amigos quanto à depressão que invadiu meus conterrâneos.
Apesar de estar perto de Arroio do Meio – a minha terra natal – faltou-me coragem para atravessar a ponte de ferro, que liga a Lajeado – , erguida em tempo recorde pela iniciativa privada. Esse mesmo segmento demonizado por quem adora ver o Estado distribuindo benesses sem fim, bancadas por nossos impostos ao invés de estimular o empreendedorismo.
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O que vi, em pouco mais de 100 quilômetros ao longo da BR-386, supera qualquer vídeo ou foto vista desde maio da região onde nenhuma casa foi sequer iniciada no Vale do Taquari ou do Rio Grande do Sul. A devastação é impossível de descrever em palavras.
Imensas áreas no entorno de rios, arroios e açudes parecem desertos onde as árvores foram arrancadas junto com a vegetação das proximidades. A paisagem é desalentadora, dura de suportar, muito diferente do vale verde que encantou a todos.
É difícil imaginar de onde as pessoas que perderam tudo – inclusive familiares – terão força para reconstruir. Não se trata apenas de casa, roupas e calçados. Inclui reconstruir negócios e gerar empregos para reaquecer a economia. Mas restabelecer a dignidade das pessoas será o maior desafio.
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