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A rebeldia de Bolsonaro

A nação está inquieta com a situação de saúde do nosso presidente. Um pouco do que está acontecendo se deve a algumas imprudências do próprio Bolsonaro. Primeiro foi permitir que o carregassem em via pública, sem um esquema mais técnico de segurança, o que redundou no atentado.

Apesar de eu não ser médico, aprendi muitas coisas na vida. Conto um episódio. Eu estava com 45 anos, jogando tênis, quando meu calcanhar começou a incomodar. Um médico que jogava comigo olhou e diagnosticou ali na hora que era um “esporão do calcâneo”. Acabei decidindo mandar operar. Fui para casa e achei que em breves dias voltaria a jogar normalmente. O médico me dera instruções para ficar em repouso, com a perna mais levantada. Não dei muita bola. Eram duas incisões. Uma estava fechando bem. A outra parecia meio estranha, Resumo: era uma deiscência de sutura que levou ao debridamento e tive que esperar 90 dias para que houvesse cicatrização por segunda intenção. Tudo por não acatar as instruções do médico.

Essas pequenas ansiedades e imprudências do presidente, viajando para lá e para cá, nitidamente não se cuidando, fazendo uma viagem que não era urgente para Davos, certamente não ajudaram em nada para a recuperação. Está com 63 anos de idade, o que não é muito nos dias de hoje, mas há que se convir que sua resistência está longe de ser a de um homem de 23 anos. Sofreu um procedimento invasivo, o que representava muitos cuidados. Mas o primeiro cuidador de sua bronca é o paciente.

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Fiquei matutando muito tempo sobre o porquê dessa inquietude do presidente. Qual a razão de não se acalmar? Não poderia ter tomado posse, reunir-se com seu vice e ministros e estabelecer que ninguém deveria sair dos trilhos (incluindose o vice), e que quando estivesse completamente apto, voltaria a tomar as rédeas? Para que uma pressa afobada se o mercado estava calminho, calminho com as diretrizes já reveladas? Mais: o que não tem solução, solucionado está. As reformas estão esperando e se arrastando há decênios, não custava aguardar por mais um ou dois meses?

É possível que essa bateção de cabeças dos primeiros dias do novo governo tenha sido um dos motivos de Bolsonaro não passar o governo ao vice. Ficou um pouco bizarra essa desordenação inicial, um desautorizando o outro, um falando uma coisa e o outro desmentindo. Todo mundo temendo que o ministro Paulo Guedes chutasse o balde num acesso de impaciência. 

Não sei não, todos esses desencontros iniciais têm solução, mas será que nosso presidente não estará receando o chamado fogo amigo?

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