O assunto de hoje não poderia ser outro.
Tentamos sempre achar uma explicação, um sentido para o que acontece. Por quê? A morte é uma certeza absoluta, provavelmente a única que temos. No entanto, quando ela chega, é difícil estarmos preparados.
Em uma obra de ficção intitulada O lago sagrado, a escritora canadense Margaret Atwood faz seu narrador dizer, a propósito das histórias de detetive (aquelas no estilo Agatha Christie): “Triste consolo, mas ainda assim é um consolo: a morte é lógica, existe sempre um motivo. Talvez seja por isso que ela [a personagem] lê.”
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Tramas policiais clássicas sempre têm uma explicação derradeira, quando tudo o que parecia confuso, disperso, se encaixa e faz sentido. Descobrimos, no fim, quem é o autor do crime e por que razão ele foi cometido. Nada acontece por acaso. Mas a vida é menos literária.
Então, eu não era próximo, mas conhecia o Fernando Vilela. Como não? Trabalhou durante muitos anos na Gazeta, vivia circulando pela Redação e outros setores.
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Ainda na semana passada, eu tinha falado com o Vilela no Café Brandelero, que ele frequentava. Parecia o mesmo de sempre, conversador e bem-humorado. Foi a última vez que eu o vi. No domingo, quem primeiro me avisou foi um taxista: Vilela estava morto. Assim, de uma hora para outra.
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Aquele cara que entrava na Redação falando aos gritos, puxando conversa com todo mundo (era impossível não conhecê-lo, ele te obrigava), não está mais por perto. Por que razão? Vá saber. É perda de tempo procurar sentido para a morte.
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Fico pensando como serão as próximas edições da Caravana da Alegria, projeto do Município que tinha o Vilela à frente. Para quem não sabe, a Caravana leva música e diversão a usuários de casas de longa permanência de idosos, abrigos e outras instituições em Santa Cruz. Uma das tantas iniciativas sociais em que o Vilela se envolveu, sempre de forma entusiasmada.
Familiares e amigos poderão falar com mais propriedade. Mas, até onde percebo, até quase o fim, ele procurou levar alegria a outras pessoas.
Não vale a pena falar na morte. Mas há muito sentido em ter vivido assim.
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