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A primeira neblina

“A primeira neblina, o fim do mormaço / O alívio da chuva que veio do céu / As folhas maduras caindo do espaço / E as mãos levantadas num ‘graças a Deus’. No meio da noite acordar de mansinho / Sentindo um friozinho que já principia, / Puxar as cobertas com todo o jeitinho / Deixando um carinho na pele macia. / Se a seca resseca e a geada cresta, / a fé que ainda resta nos faz renascer / e os sóis do outono que espiam nas frestas /aparam arestas e fazem crescer.” (Ruy Gessinger e Nenito Sarturi)

Vocês que moram na cidade e nunca foram para a região da Campanha do Rio Grande do Sul, talvez não aquilatem o quanto são diferentes as estações do ano.

Agora há pouco tivemos uma baita seca, que durou meses. Arroios, sangas, açudes, rios sofreram muito na região campeira. Eu escrevi sobre o “vento da fome” aqui na Gazeta. Lembram-se?

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Até o Lago Dourado sofreu.

Na nossa fazenda foi penoso. Mas estamos acostumados. As secas são históricas na região de Santiago (RS). Daí que nós temos muitos açudes, e as sangas são protegidas por matas ciliares.

Deixando isso de lado, quero saudar as primeiras neblinas que ocorrem em nossa região campeira. São prenúncios da geada que branqueia os campos.

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Essas geadas crestam a grama, mas têm muitas virtudes. Exterminam os parasitas do gado, e são benéficas para muitos cultivares, por incrível que pareça.

Após essa seca medonha, nos veio uma chuva maravilhosa, de cerca de 330 milímetros no total.

O que me encanta é a neblina no Bioma Pampa.

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Daí que, entre as várias parcerias com o Nenito Sarturi, fiz letra e música com ele para enaltecer os Sóis de Outono.

Na cidade, as pessoas correm, se estressam, e pouco olham para os movimentos da natureza.

Agora, é hora de empilhar a lenha: gravetos, lenha de fogão e os tocos para lareira.

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O valente pasto estival começa a mermar no inverno. Não se pode mais lotar as invernadas como no verão. É momento de parte do gado ir para as pastagens de inverno, aveia, azevém etc.

Enquanto isso, os campos branqueiam, a geada obriga o gado a dormir dentro dos capões de mato. Vão vacas, terneiros, ovelhas aos abrigos que Tupã reservou para as noites geladas.

Pela manhã, após o café, hora de tirar os cavalos e as éguas do galpão, esperar a neblina se dissipar um pouco e sair “campofora” para ver se está tudo bem com os gados e as ovelhas, que vão enfumaçando a manhã com suas respirações.

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Nada como montar num pingo, com uma bota bem campeira, uma boina para proteger a cabeça e aquele abençoado poncho carnal vermelho esvoaçando.

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