A 35ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul vai celebrar especialmente a crônica enquanto gênero literário. A patrona da edição, a escritora porto-alegrense Martha Medeiros, é uma das grandes mestres nesse formato de texto, sempre identificado também, por essência, com o jornalismo.
Ao remeter para os assuntos da atualidade, a obra de Martha dialoga à perfeição com o slogan do evento em 2024, “Abra livros, abra o mundo”. Em seus textos, publicados em veículos como Zero Hora, na qual os gaúchos a leem há muitos anos, ela aborda, semanalmente, assuntos ou temas que dominam o debate e os noticiários.
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Aos 62 anos, Martha já tem mais de três dezenas de títulos lançados, com predominância da crônica, mas também em romance, poesia e relatos de viagem. Formada em Comunicação Social pela PUCRS, em 1982, com habilitação em Publicidade e Propaganda, atuou por 14 anos como redatora publicitária e diretora de criação. Mas em 1985, há quase quatro décadas, ela lançou seu primeiro livro, Strip-Tease, com poemas, que escrevia já desde a juventude.
Foi o começo de intensa produção, que seguiu com outros três livros de poesia (até o volume Poesia reunida, em 1998). Antes disso chegara um livro de crônicas, Geração Bivolt, em 1995. Na sequência, Trem-Bala, de 1999, bem como Non Stop, de 2000, tornaram-se best-sellers.
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Ao longo do século 21, seguiu publicando quase que todos os anos, ou em intervalos de dois ou três anos, e passou a ter seus textos adaptados para teatro. E apostou igualmente na narrativa longa, com Divã, de 2002, estrondoso sucesso que resultou em adaptação para o palco, para o cinema e para uma série de TV, todos estrelados pela atriz Lilia Cabral.
Além da literatura em si, é uma contumaz viajante e lançou vários volumes sobre suas andanças. Começou com um texto sobre Santiago do Chile, ainda em 1996, e compartilhou os conjuntos de Um lugar na janela, em 2012, e Um lugar na janela 2, em 2016. No ano passado, após cinco anos desde Quem diria que viver ia dar nisso, lançou novo livro de crônicas, Conversa na sala, que deve ser o principal título a motivar autógrafos na Feira do Livro de Santa Cruz.
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Por sua obra, recebeu muitos prêmios, como o Açorianos de Literatura na categoria Crônicas, em 1998, pelo livro Topless; o mesmo prêmio em 2004, por Montanha russa, ano em que ficou também em segundo lugar no Jabuti, e novamente o Açorianos de 2018 por Um lugar na janela 2. Foi convidada inúmeras vezes para ser patrona de feiras literárias, a exemplo da de Venâncio Aires, em 2020. Nesse caso, a escritora possui ligação familiar. A mãe de Martha, Isabel Mattos de Medeiros, passou parte da infância no município, e o avô paterno, Flávio Menna Barreto Mattos, foi intendente local.
Uma conversa franca, aberta, de gente adulta. Sobre temas urgentes e incontornáveis. Essa sugere ser a abordagem adotada por Martha Medeiros em seu mais recente livro de crônicas, Conversa na sala, lançado no segundo semestre de 2023.
A sua obra está no catálogo da editora L&PM e pode ser encontrada com facilidade em livrarias físicas e digitais. Uma vez que os 120 textos que integram essa coletânea foram elaborados entre fevereiro de 2018 e abril de 2023, abrangem todo o período em que a sociedade global esteve submetida às alterações na rotina promovidas pela pandemia.
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E, assim, em diferentes momentos a tensão, a angústia e os medos associados à ameaça à saúde (física e mental) se presentificam. Mas não apenas eles: também a polarização política, que motivou um embate estendido às mais diversas áreas da vida em sociedade, merece a reflexão de Martha, e, a partir de suas considerações, estimula a reflexão por parte do leitor. Com 256 páginas, Conversa na sala é comercializado a R$ 54,90, no formato físico.
A Feira do Livro trará em paralelo a 1ª Festa Literária Internacional de Santa Cruz do Sul. E uma das autoras confirmadas é a cubana Teresa Cárdenas, um dos maiores nomes da literatura latino-americana contemporânea, em iniciativa do Sesc Santa Cruz, organizador tanto da feira quanto da festa literária. Teresa estará na praça no dia 2 de maio, em bate-papo com o escritor Rogério Athayde.
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Aos 54 anos, natural de Matanzas, Teresa é ainda roteirista, atriz e ativista social. No Brasil, é publicada pela Pallas, que lançou Cachorro velho, vencedor do prestigioso Prêmio Casa de Las Americas; Cartas para minha mãe e a coletânea de contos Awon Baba. A Editora de Cultura publicou Meu avô Tatanene, infantojuvenil. A coordenadora de Cultura do Sesc/RS em Santa Cruz, Lisiane Camargo, frisa que vários nomes estão sendo prospectados. O conjunto das atrações deve ser divulgado no início de abril.
Ao completar três décadas de atuação ininterrupta no exercício quase diário, ou ao menos semanal, da crônica, a escritora Martha Medeiros vislumbra mudanças em seu olhar pessoal, de artista, sobre a vida e o mundo. É o que ela conta em entrevista exclusiva que concedeu ao longo desta semana, em trocas de mensagens por WhatsApp, e logo após ter retornado de uma viagem à Europa.
No bate-papo, revela a sua expectativa pela vinda a Santa Cruz do Sul, para ser a patrona da Feira do Livro. Ao mesmo tempo, comenta seu livro mais recente, Conversa na sala, lançado no início do segundo semestre do ano passado. Nele, como refere, transparecem algumas novas áreas de interesse, ou que antes não estavam tão presentes entre seus temas preferidos.
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Eles foram apresentados, como enfatiza, pelas circunstâncias do momento da pandemia e da forte polarização política que se vivenciou (vivencia?) no Brasil e também em várias regiões do planeta. Martha aponta em especial sua predileção por curtir os momentos de solidão, o “estar consigo mesmo”, e os benefícios disso na vida pessoal e coletiva. E, claro, reforça que as relações afetivas seguem como matéria-prima em seus textos, porque constituem uma das razões da forte empatia com os leitores.
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