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A ostentação do álcool

Bastou o termômetro subir para que as estatísticas de violência disparassem no Estado. É claro que o sol e as temperaturas amenas, quase de verão, levaram muito mais gente às ruas, praças e parques do que um domingo de frio intenso ou de chuva. Mas impressiona o fenômeno alarmante de mortes.

Foram pelo menos 35 pessoas que perderam a vida entre homicídios e acidentes de trânsito no final de semana. Além do clima favorável, o consumo de bebida alcoólica contribuiu para a ocorrência de atos violentos. A bebida, ao lado das drogas, exerce responsabilidade direta na proliferação de atos infracionais.

O consumo de crack, maconha e cocaína, principalmente, há muito tempo não se restringe aos jovens e aos centros urbanos. Ao conversar com um amigo ligado ao agronegócio, soube que a incidência de dependentes químicos no meio rural é assustadora. A falta de opções de lazer, a distância de alternativas de divertimento e até a falta de informação sobre as consequências – especialmente a dependência – levam o jovem agricultor a experimentar substâncias altamente destruidoras.

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O álcool é um hábito enraizado em diversas culturas, principalmente a alemã e italiana, onde desde a mais tenra idade a convivência com a bebida é tolerada e, em alguns casos, estimulada. Impressiona, em eventos sociais que reúnem jovens adultos, a quantidade consumida sob as mais diversas formas. Muitos, para aumentar a sensação de prazer e temporário êxtase, turbinam a mistura com energéticos, o que só amplia os prejuízos à saúde.

Pais, professores e formadores de opinião têm responsabilidade direta na advertência sobre o consumo do álcool, mas a abordagem é um desafio adicional. Em época de comunicação permanente, proliferação de imagens e estímulo ao consumismo e ostentação, é difícil conter os jovens, alvos preferenciais de traficantes e fabricantes de bebidas.

Ser abstêmio num mundo onde desfilar de copo na mão, nos mais variados ambientes, é sinal de status, significa encarar olhares de reprovação ou deboche. Não é fácil sair na balada e pedir uma água mineral ou um refrigerante. Afinal, o abuso do álcool é considerado um comportamento não apenas tolerado, mas usado para “desinibir”, deixar as pessoas “mais à vontade” para que sejam “elas mesmas”.

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O inverno ainda perdura, mas é preocupante constatar que os “veranicos” que virão até a primavera sejam motivo de dor de cabeça para pais e autoridades. A irresponsabilidade, que leva milhares de motoristas a ganharem as ruas e rodovias, multiplica os riscos de que as estatísticas disparem.

O trabalho “formiguinha” de conscientização não pode parar. Independentemente dos resultados, o esforço para salvar uma vida é sempre mais importante que desanimar.

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