A educação está em xeque. É o novo segmento em disrupção. Na próxima década, precisaremos de profissionais empreendedores, capazes de lidar com as tecnologias físicas, digitais e biológicas. Inteligência artificial, algoritmos, nanotecnologia, genética, robótica, learning machines são os novos assuntos do universo profissional. 

Empreendedores digitais já ocupam seu espaço no planeta, com projetos criativos e arrojados. Nanodegrees, universidades avançadas, cursos rápidos capacitam uma legião de pessoas para o mercado futuro, em open badge (crachá aberto), não mais Curriculum Vitae, e esses grupos trabalham por um mundo em sua melhor versão.

Onde ficam nossas escolas, universidades e entidades ligadas à educação de profissionais para o mercado de trabalho? Já estão no passado. Não incentivo a desonra, pelo contrário, sou professora e filha de professor. O valor de um professor é inquestionável, mas ele, junto com o sistema educacional, precisa ser capaz de educar as novas gerações em uma nova realidade. Nossas escolas continuam derramando conteúdo passivamente, avaliando a capacidade do aluno através de provas e trabalhos que, na maioria das vezes, serão irrelevantes na sua vida. Há pouca integração com tecnologias que vão muito além de acesso a computadores e à informática. Conversando com alunos de escolas tradicionais, o único desejo que existe é o de passar pelos testes para se livrar do que eles mesmos já qualificam como conteúdo obsoleto. 

Publicidade

Há aqui uma preocupação ainda maior: os educadores não estão preparados para falar o idioma da nova geração, muito menos para inspirar-lhe algum tipo de aprendizado. E isso classificamos como perda de valores, geração descomprometida e rebelde. A geração de jovens atuais é a mais corajosa e comprometida que já conhecemos! 

A chave virou. A educação reversa diz que o aluno tem muito mais a ensinar do que o professor, que deveria apenas extrair e ajudar o aluno a revelar seu potencial de aprendizado. As escolas do futuro são inteligentes, digitais, lúdicas. Entendem o mundo do aluno e sua forma de aprendizagem e a personalizam distribuindo responsabilidades desde cedo. Pessoas responsáveis não precisam de controles ou avaliações, que acabam abalando a autoestima e criando referências equivocadas.
  
No mundo dos adultos, RHs, T&Ds e profissionais insistem em optar por modelos antiquados de treinamento ou cursos que nada mais são do que a repetição do modelo de escola infantil: despejo de conteúdo. Nas empresas, o investimento feito no desenvolvimento de pessoas que fazem o negócio acontecer é mínimo, pífio e vergonhoso. 

Palestras motivacionais não geram nada mais do que alguns momentos de descontração. Cursos onde o professor, especialista em conteúdo do passado, derrama seu conteúdo são o equivalente a assistir a um programa de televisão. Inócuo. Em termos de aprendizado digital e acelerado, melhor seria não fazer coisa alguma. Confundiria menos. 

Publicidade

Educar é conduzir, guiar o aprendizado do outro. Educadores com modelo mental obsoleto não serão capazes de guiar millennials com um novo modelo mental, uma forma diferente de ver a vida e veia de empreendedorismo social fortíssima. Novos talentos sequer se submeterão a avaliações e práticas de RH, muito menos a educadores que em vez de revelar potencial o atrofiam. Novos atores precisam liderar a educação no Brasil, ou ficaremos ainda mais atrasados em relação ao mundo. 

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.