Quando se refere a dinheiro, a palavra poupar desperta diversos e até contraditórios sentimentos. Para muitas pessoas, é difícil ou até impossível poupar; para outras, é coisa de pessoa mesquinha, “pão dura”. Já para um número crescente de pessoas, poupar faz parte da vida e pode ser tão ou mais prazeroso e gratificante do que, simplesmente, gastar o dinheiro na compra de algum item da moda. Um dos conceitos que melhor define o ato de poupar “é sacrificar o consumo no presente para fazer um melhor proveito no futuro”.
“Basta querer” pregam os mais fundamentalistas. Será? Se é tão elementar, por que a grande maioria das pessoas, independente do quanto ganham, não consegue poupar uma parte do salário ou renda? Um pensamento muito comum é propor-se a guardar o dinheiro que sobrar no final do mês, o que raramente acontece.
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Há pessoas que dizem que não conseguem poupar de forma alguma; às vezes, apenas conseguem pagar as contas em dia, quando não as atrasam. Será que querem poupar mesmo? Na verdade, o brasileiro ainda poupa pouco, em relação a outros países e sobram motivos para a falta de poupança, alguns inconscientes ou psicológicos:
- Salário ou renda muito baixa;
- Contas para pagar;
- Ausência de força de vontade;
- Procrastinação – sempre adiar para o mês seguinte;
- Inércia: simplesmente não fazer nada;
- O pressuposto do “tudo ou nada” – desprezar pequenos valores, ignorando que mais vale a constância do que eventuais aportes.
Estudos indicam que mais de 90% da população brasileira não dispõe de uma reserva financeira para cobrir situações de emergência. É triste constatar que à menor ocorrência de necessidade, essas pessoas terão que fazer empréstimos, vender bens ou “se virar nos 30”para conseguir algum dinheiro extra para resolver a situação.
Pensando bem, guardar dinheiro pode ser algo muito simples, iniciado com pouco. Se alguém guardar R$ 10 por semana, depois de 52 semanas terá acumulado R$ 520. Se dobrar a economia semanal para R$ 20, o valor guardado será de R$ 1.040 num ano. A pessoa já vai dispor de uma pequena reserva para atender algum imprevisto, como o conserto da geladeira que quebrou.
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Como muitos outros comportamentos, poupar também é um hábito que pode ser adquirido e desenvolvido, observando que:
- Mudar um hábito por vez: é difícil querer economizar, emagrecer, fazer exercícios, tudo ao mesmo tempo;
- Começar a medir: ter um caderninho ou um aplicativo do celular onde anotar cada vez que agir diferente do que se propôs;
- Isolar o gatilho: identificar o que desencadeia a ação de gastar por impulso:
- Não se atormentar quando cometer algum deslize: conscientizar-se da rateada e ir em frente;
- Substituir o mau hábito em vez de querer eliminá-lo: levar um produto mais barato que atenda à necessidade ou ao desejo.
Poupar por poupar pode até ser uma decisão financeiramente correta, mas é fundamental estabelecer sonhos e objetivos que se quer realizar com aquele dinheiro, num determinado prazo: quitar as dívidas; comprar uma moto, um carro, uma casa; investir num plano de previdência; fazer uma viagem; tirar um tempo sabático; casar, separar… Mesmo o autor do livro A Psicologia Financeira, Morgan Housel, que, embora diga que não é preciso ter um objetivo específico para se guardar dinheiro, esclarece que poupar dinheiro é uma proteção contra o poder incontornável que a vida tem de, eventualmente, nos surpreender com situações complicadas e que requerem recursos financeiros.
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Enfim, são tantas opções, não importa o que, desde que claramente definidas. Guardar dinheiro sem uma finalidade específica, na maior parte das vezes, é dinheiro que não tem dono ou não está “carimbado”, como alerta Reinaldo Domingos, criador da DSOP Educação Financeira e outras iniciativas. Se surgir qualquer demanda – comprar alguma coisa supérflua, emprestar para algum familiar ou amigo – vai ser gasto.
Sem objetivos ou sonhos, em algum momento pode-se cansar e toda aquela disciplina é abandonada e, como num passe de mágica, alguém que passou a vida inteira sendo uma pessoa econômica começa a gastar tudo que tinha acumulado; às vezes, mais um pouco. Por isso, antes de alçar voos mais altos, é essencial fazer o dever de casa: juntar uma boa reserva financeira – o famoso “dinheiro em caixa” – para enfrentar imprevistos, como o desemprego, a reforma do carro, uma doença, etc.
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