A mediocrização como método

Reproduzo partes de um texto muito conhecido no meio acadêmico, de autoria do filósofo alemão Günther Anders, nominado “A obsolescência do homem”, escrito em 1956.

Anders (1902-1992) foi casado com a brilhante Hannah Arendt (1906-1975), igualmente alemã e filósofa, autora de imperdíveis obras históricas, entre as quais Origens do Totalitarismo e Eichmann em Jerusalém.

Dizia Anders, repito, em 1956: “Para sufocar antecipadamente qualquer revolta, não deve ser feito de forma violenta. (…) Basta criar um condicionamento coletivo tão poderoso que a própria ideia de revolta já nem virá à mente dos homens.

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O acondicionamento continuará reduzindo o nível e a qualidade da educação (…). Um indivíduo inculto tem apenas um horizonte de pensamento limitado, e quanto mais limitado a preocupações materiais, medíocres, menos ele pode se revoltar.

É necessário que o acesso ao conhecimento se torne cada vez mais difícil e elitista. Que o fosso se cave entre o povo e a ciência, que a informação dirigida ao público seja esvaziada de conteúdo subversivo. Especialmente sem filosofia.

Transmitir-se-á maciçamente, através da televisão, entretenimento imbecil, bajulando sempre o emocional, o instintivo. Ocupar as mentes com o que é fútil e lúdico.

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Com conversa fiada e música incessante, evitar que a mente se interrogue, pense, reflita. Colocar a sexualidade na primeira fila dos interesses humanos. Como anestesia social, não há nada melhor.

Eliminar a seriedade da existência, virar escárnio tudo o que tem um valor elevado, manter uma constante apologia à leveza; de modo que a euforia da publicidade, do consumo, se tornem o padrão da felicidade humana e o modelo da liberdade.

Assim, o condicionamento produzirá tal integração, que o único medo (que será necessário manter) será o de ser excluído do sistema e, portanto, de não poder mais acessar as condições materiais necessárias para a felicidade.

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O homem assim produzido, deve ser tratado como o que é: um produto, um bezerro, e deve ser vigiado como deve ser um rebanho. Tudo o que permite adormecer sua lucidez, sua mente crítica é socialmente apoiado, o que arriscaria despertá-la deve ser combatido, ridicularizado, sufocado.

Qualquer doutrina que questione o sistema deve ser designada como subversiva e terrorista e, em seguida, aqueles que a apoiam devem ser tratados como tal”.

Concluo e afirmo: disseminada e alavancada por segundas intenções de alguns, inclusive autoridades, e pela ignorância e inocência de outros, a mediocrização não é aleatória. É um método!

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