A mãe está cansada: mulheres refletem sobre exaustão materna e autocuidado

Exausta“. “Cansada“. “Hoje, eu sobrevivi“. “Tentando, né?“. Se você perguntar a uma mãe como ela está se sentindo, a chance de ouvir alguma dessas respostas é grande. Não à toa, o termo “mãe cansada” disparou nas buscas do Google durante a pandemia, quando a sobrecarga materna ficou ainda mais evidente. Aliás, o termo “cansada”, no feminino, já lidera as pesquisas no buscador desde 2015. Quem tem filhos conhece bem a sensação: é assim que a maioria das mães se sente ao fim do dia, quando a rotina pesada e desigual costuma mandar a conta. Some nesta equação as cobranças – delas mesmas e da sociedade – e a frustração por não ter conseguido, mais uma vez, dar conta de tudo.

Quando nem o Google consegue ajudar, o primeiro passo é entender que você não está sozinha. Nas redes sociais, o debate sobre maternidade real abre espaços de acolhimento para que mães compartilhem experiências e desabafem sobre suas angústias, sem filtros e julgamentos.

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“Conversando com as mães, percebo o quanto elas se sentem silenciadas e sozinhas nessa experiência. É como se não houvesse espaço para falar sobre as emoções negativas, as frustrações, essa demanda exaustiva”, explica a psicóloga especializada em autocuidado para mulheres sobrecarregadas Marinara Pinto, uma das convidadas de um videocast produzido pela Panvel, com apresentação da jornalista Gabriella Bordasch e com a presença da apresentadora Fernanda Lima e da influenciadora digital Xan Ravelli. “O esgotamento acaba trazendo um sofrimento emocional”, reitera a profissional, que aborda o tema em suas redes sociais.

Escolhas e renúncias

Maternidade perfeita não existe – mesmo que, muitas vezes, os filmes, as novelas e os “filtros” das redes sociais tentem convencer as mulheres do contrário. É justamente quando essa ficha cai que as autocobranças e as pressões começam a ser encaradas com um pouco mais de leveza e acolhimento, ainda que, vez ou outra, a mãe ache que “não fez tudo o que podia”.

Quem assiste Fernanda Lima na TV pode até cogitar que essas exigências maternas não ecoem com tanta força na vida da apresentadora gaúcha. Mas a artista de 44 anos faz questão de desmitificar o estereótipo de “mãe perfeita”. Fernanda conta que os aprendizados com a maternidade dos gêmeos João e Francisco, de 14 anos, contribuíram para que a chegada da filha Maria Manoela, 2, fosse uma experiência diferente – para ela e para a pequena. Muitas cobranças que se fazia antes agora são encaradas de forma diferente.

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“Sou uma mãe melhor para a Maria do que fui para os meninos. Sou mais tranquila, mais presente, acolho mais. Sou mais sábia neste sentido”, confessa ela.

Fernanda faz questão de salientar que vive uma maternidade “privilegiada”, com acesso a ajuda e uma rede de apoio, além da divisão de tarefas com o marido, o também apresentador Rodrigo Hilbert. Mas, para estar presente como gostaria na vida da caçula, precisou deixar de lado algumas ambições, sobretudo na carreira.

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“Estou abrindo mão de muitas coisas. Esse papo de que a gente dá conta de tudo… já realizei que não. A gente tem que abrir mão de muitas coisas para uma maternidade mais integral”, pondera. “Tenho feito escolhas que deixam meu trabalho mais à margem em nome de uma maternidade mais intensa e profunda”, admite.

Para a influenciadora digital Xan Ravelli, 41 anos, uma das partes mais difíceis da maternidade é justamente entender que “abrir mão” de algo que deseja, muitas vezes, é necessário. Mãe de Jade, 10 anos, e Rael, 7, a apresentadora do programa Trace Trends, do Multishow e da Globoplay, conta que sua maior dificuldade é abdicar de oportunidades profissionais. “Sou do tipo que quer tudo. Quero abraçar o mundo! Entre estar presente na vida dos meus filhos e ter uma carreira como almejo, quero os dois”, admite.

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Para a influencer, foi preciso assumir para si mesma que “vive a vida em outra velocidade” desde que se tornou mãe. Isso contribuiu para que ela se cobrasse menos, mas também não deixasse de lado seus desejos e objetivos.

“Foi a forma que arrumei para não pirar. As coisas não são mais no meu tempo. Ao invés de uma vida, eu tenho três. Você tem um caminhar diferente, em outra velocidade, outro momento. Mas não é por isso que não alcanço ou não posso”, explicou, durante o bate-papo para o videocast.

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Desafio: olhar para si mesma

É fato: quando se tornam mães, muitas mulheres priorizam os filhos à carreira, à vida pessoal e até a si mesmas. Encontrar um equilíbrio na balança da vida não é tarefa fácil – não à toa, elas estão exaustas tentando. Muitas vezes, o cansaço tem a ver também com a falta de um momento só delas no fim do dia. A hora de fazer uma máscara facial, de praticar atividade física, assistir a uma série “acompanhada” de uma taça de vinho ou, simplesmente, tomar um banho sem pressa (e uma criança chorando na porta).

É o que a psicóloga Marinara chama de autocuidado materno: aquele momento do dia em que a mãe olha somente para ela e se dá ao direito de fazer o que deseja. Parece pouco, mas faz diferença para não se perder de si mesma e encarar a rotina de uma forma mais saudável.

“Se eu não cuidasse de mim, não teria condições de seguir em frente”, afirma a profissional, que é mãe solo de Martina, de 7 anos.

Do skincare ao esporte, a apresentadora Fernanda Lima não abre mão de “se dar ao direito” de alguns momentos para si. A prática da ioga e da meditação, por exemplo, é como se fosse uma “pílula de felicidade”, explica a artista.

“Também adoro óleos, passar creme no cabelo. E ficar em silêncio, para mim, é algo bastante precioso. É com essas pequenas atitudes que a gente vai se recuperando da paulada no dia a dia”, exemplifica.

Vale até “fazer nada”, na opinião de Xan Ravelli – contanto que seja um momento de aproveitar a própria companhia e respirar sem culpa. Para a influencer, isso faz diferença para que esteja pronta para encarar o dia seguinte:

“A gente tem que estar bem, inclusive, para cuidar deles. E estar bem integralmente: precisamos lembrar que [o bem-estar] é físico, emocional e psíquico, precisamos estar bem em todas as áreas. A gente, muitas vezes, não se permite”, reflete.

Não há fórmula mágica: o “segredo” é encontrar um equilíbrio possível entre ser mãe e mulher, deixando de lado estereótipos e idealizações. A jornalista Gabriella recorda o conceito de “mãe suficientemente boa”, cunhado pelo pediatra e psicanalista inglês Donald Woods Winnicott: ser uma boa mãe não significa ser perfeita, mas entender que você dá o seu melhor todos os dias.

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Heloísa Corrêa

Heloisa Corrêa nasceu em 9 de junho de 1993, em Candelária, no Rio Grande do Sul. Tem formação técnica em magistério e graduação em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo. Trabalha em redações jornalísticas desde 2013, passando por cargos como estagiária, repórter e coordenadora de redação. Entre 2018 e 2019, teve experiência com Marketing de Conteúdo. Desde 2021, trabalha na Gazeta Grupo de Comunicações, com foco no Portal Gaz. Nessa unidade, desde fevereiro de 2023, atua como editora-executiva.

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Heloísa Corrêa

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