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A lição que fica: uma análise sobre as mobilizações

Um dos aspectos que mais chamam a atenção na paralisação de caminhoneiros deflagrada essa semana é o apoio da sociedade. Até mesmo entidades empresariais, via de regra refratárias a qualquer tipo de movimento grevista, reconheceram a legitimidade dos protestos e, em alguns casos, até contribuíram diretamente com a mobilização. E basta uma rápida passada de olhos pelas redes sociais para se perceber que, embora a rotina de quase todo mundo esteja alterada e, em uma situação possivelmente inédita, há cidades completamente desabastecidas de combustível nos postos (como Santa Cruz), grande parte da população aprova ou ao menos não condena o pleito.

A lentidão da recuperação econômica e o fato de o desemprego ainda ser grande e alguns itens básicos seguirem com os preços nas alturas, apesar da queda da inflação, fazem com que a irritação dos cidadãos esteja perto do limite, somado à insegurança política que ainda ronda o País diante das circunstâncias particulares que cercam a eleição presidencial de outubro. O levante dos caminhoneiros, relacionado às sucessivas altas no valor da gasolina – fruto de uma política que agora se mostra falha –, parece ter sido o veículo por meio do qual esse sentimento foi colocado para fora.

Tudo isso tem o efeito de uma espada apontada contra o pescoço de uma administração que já amarga níveis recordes de impopularidade. O governo errou desde o início: subestimou a capacidade de mobilização dos caminhoneiros e o eco que a manifestação encontraria, o que encorajou os motoristas a permanecerem parados.

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Neste momento, a julgar pela demora em oferecer uma resposta à altura da proporção que o movimento tomou, o governo erra por não perceber o cansaço da população, que está expresso em tudo o que aconteceu nos últimos dias. O cansaço é o mesmo que levou as pessoas às ruas em 2013 – preços altos, carga tributária pesada, serviços públicos deficientes, corrupção crônica. A lição que fica desses últimos dias – e dos que ainda podem vir – é que a classe política precisa urgentemente retomar a sintonia com a sociedade.

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