Um balde de água fria. Assim Frederico de Barros Silva define o sentimento que teve ao ver, estampada na manchete da Gazeta do Sul de janeiro de 2017, a notícia de que os vereadores do PT à época haviam formado uma aliança com o prefeito Telmo Kirst sem a anuência do partido. A revolta gerada junto às bases acabou por levar o então estudante de Jornalismo a uma posição de protagonismo na sigla – o que, por sua vez, pavimentaria o caminho para sua indicação à disputa pela Prefeitura este ano.
Diante da cisão causada pelos vereadores, coube a um grupo que tinha Frederico entre os seus principais líderes iniciar um movimento pela reorganização do PT no município. Um dos focos era tentar mostrar para a sociedade que os parlamentares não representavam o que a militância defendia. “A votação da Lei dos Vales foi muito importante para isso, porque o PT jamais defenderia a retirada de direitos”, recorda.
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A situação se agravou até o ponto em que a direção estadual foi convocada e os militantes exigiram uma providência, sob pena de a legenda ficar sem nominata para a eleição municipal, o que levou à renúncia do então presidente. Foi nesse momento, agravado pelo impeachment de Dilma Rousseff e pela prisão de Luiz Inácio Lula da Silva, que Frederico assumiu o comando da legenda.
Uma de suas prioridades nesse período foi justamente atrair lideranças jovens, como forma não só de dar uma perspectiva de futuro ao partido como também garantir a representatividade desse público na esquerda, em um momento de ascensão do conservadorismo no País. “Embora os partidos de esquerda tenham uma capacidade de dialogar mais, foi a direita que nos últimos tempos lançou mais candidatos jovens e ganhou as ruas com isso. O MBL é um exemplo”, observa.
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Nesse contexto, o nome de Frederico se fortaleceu para representar o partido na eleição municipal.
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Um desafio
Aos 27 anos, Frederico, além de se destacar pela idade entre os sete candidatos, é possivelmente um dos mais jovens a disputar a Prefeitura na história santa-cruzense – o seu coordenador de campanha, João Pedro Schmidt, tinha os mesmos 27 quando concorreu em 1988.
Sem nunca ter ocupado um cargo eletivo, Frederico reconhece que administrar um orçamento de mais de R$ 500 milhões é um desafio grande, mas diz apostar na intensificação dos mecanismos de participação popular dentro da gestão pública. Também rejeita a ideia de que sua candidatura seja apenas pro forma e garante que tem pretensões de vencer. “As pessoas sentem falta de algo novo. Se a campanha tiver unidade na comunicação, podemos disputar de fato”, salienta.
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Do movimento estudantil ao PT
Foi ainda em casa que começou a ser formada a consciência política de Frederico, filho mais novo do bancário Marco Antônio e da professora Angela. Embora nunca tenham participado de eleições, ambos tiveram atuação sindical e foram por um longo período filiados ao PT – retornariam, inclusive, após ele assumir a presidência. Ao chegar à faculdade de Jornalismo em 2013, tornou-se cada vez mais atento às discussões nacionais e interessado pela história do Brasil.
“Eu tinha a compreensão de que não poderia ser jornalista se não conhecesse o passado e se não tivesse o contexto social, econômico e político do País”, conta. O efeito disso foi o envolvimento com o movimento estudantil: na Unisc, foi integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e presidiu o Centro Acadêmico da Comunicação Social (Caco). Depois filiou-se ao PT – o que, para ele, foi um caminho natural. “Ainda acho que o PT, com as críticas que devemos fazer, é uma grande referência, ao menos para quem entende a importância das instituições democráticas”, defende.
Sua primeira experiência em campanhas foi em 2016, quando apoiou a candidatura a vereador de Alberto Heck. Embora seja cauteloso ao falar sobre carreira na política, Frederico compreende que sua candidatura criou para si um compromisso de longo prazo. “Acho que eu nem tenho escolha. Agora vou ser sempre lembrado como o candidato do PT”, disse.
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