Quem nunca comprou alguma coisa que não havia planejado nem precisava, apenas porque achou bonito, interessante ou estava em promoção? De vez em quando, todo mundo adora fazer uma comprinha fora do habitual para quebrar a rotina e se sentir mais feliz, o que a internet tornou mais fácil.
O consumo está presente na rotina de todos, é uma necessidade humana, velha como o mundo. Nos primórdios da humanidade, era uma atividade apenas de sobrevivência. Aos poucos, do atendimento às necessidades básicas ou caprichos, o consumo transformou-se numa obsessão, orientada para e pelo mercado. Um mundo que se organiza – social, politica e economicamente – para levar-nos a consumir: é o consumismo. Hoje, permanentemente, uma parte dos salários e rendas das pessoas é destinada à aquisição de bens e serviços.
O consumismo se manifesta quando a pessoa compra mais do que pode, exagera e não tem limites. O “ter” é o que importa, muitas vezes substituindo o “ser”. Avalia-se a si mesmo e aos outros pelos bens que exibem. Com o consumismo, vem também o exibicionismo, o egocentrismo, ambição de ser “famoso”, “notado” e, por extensão, “desejado”. E o nosso mundo está criando, desde a tenra idade, ao não impor limite, futuros adultos consumistas.
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Ao ultrapassar a linha entre o saudável e o exagerado, o consumidor pode se transformar num comprador impulsivo ou compulsivo. Ainda não tão grave, mas não menos importante, o comprador impulsivo adquire qualquer coisa por impulso, num determinado momento, mas ainda sem ser rotineiro. Não chega a ser uma doença, mas certamente o hábito pode causar sérios problemas à saúde do bolso. Sem planejamento e por um simples desejo momentâneo, a pessoa pode comprometer muitas vezes sua renda presente e até futura.
Já o comprador compulsivo caracteriza-se por ser portador de uma espécie de doença, catalogada pela Organização Mundial da Saúde como oniomania. A pessoa é viciada em compras, sentindo e manifestando um desejo irresistível de comprar, que só passa após a aquisição de alguma coisa. Muitas vezes, a pessoa nem sabe o que quer ou precisa comprar, mas a vontade é tão grande que o item a ser adquirido é o que menos importa. O lado ruim disso é que os momentos agradáveis e as sensações de alívio causadas pelo ato da compra compulsiva passam rapidamente, dando lugar ao arrependimento, à culpa, à vergonha e aos problemas financeiros e pessoais.
A maioria das pessoas não se dá conta ou custa a assumir eventuais problemas, mais ou menos graves, que o consumo pode gerar. Geralmente, mentem para si mesmas ou para outras pessoas, tentando justificar a importância da aquisição de produtos e contratação de serviços que não precisavam ou que, naquele momento, não tinham condições financeiras para assumir.
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Quando as pessoas ou famílias decidem melhorar sua vida financeira, por necessidade ou para realizar objetivos, como a compra de um carro, o consumo por impulso ou, em pior grau, a compulsão por compras são tentações que precisam ser vencidas, através da conscientização, avaliação da situação financeira e disciplina.
O site Finanças Femininas lista três passos para lidar com essa situação:
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1º – Tirar um tempo antes de fazer a compra: esperar pelo menos 10 minutos, dar uma volta pelo shopping ou esperar para o dia seguinte;
2º – Avaliar se a compra vale mesmo a pena: checar a conta bancária e o armário para ver se já não tem esquecido lá algo parecido;
3º – Ver como se sente depois: feita a compra, avaliar se realmente usa a roupa, o sapato, a bolsa, etc.
O consumo é inevitável, mas pode gerar mais problemas do que soluções ou satisfações. Por isso, a sugestão é praticar um consumo consciente. Não só em relação ao meio ambiente – não jogar pequenos itens de lixo não perecível em qualquer lugar, não descartar móveis e eletrodomésticos em margens de ruas ou estradas, em arroios, rios, etc – mas também à forma cuidadosa como qualquer pessoa ou família devem agir ao comprar ou contratar alguma coisa.
Muitos dos problemas financeiros, enfrentados por milhões de brasileiros, são decorrentes de compras e contratações realizadas sem consciência. Para evitar sufocos e ter que recorrer a empréstimos, um dos quais é o fácil e caro cheque especial, é imprescindível dar atenção à organização e ao planejamento financeiro. A educação financeira pode ajudar nisso porque, muito além de técnicas – saber fazer algumas contas, pesquisar preços, elaborar um orçamento – ela é uma ciência comportamental porque lida com propósitos e sonhos.
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As pessoas não se dão conta que o descontrole financeiro tem origem em maus hábitos e comportamentos, provocados pelo desequilíbrio entre o “ser” e o “ter”. Muitas vezes, as pessoas não são o que aparentam ou ostentam. Isso é que precisa ser corrigido. Existem inúmeras iniciativas no país, tanto privadas como públicas, que se propõem a ensinar educação financeira. Uma delas é a DSOP Educação Financeira, de São Paulo, presente em vários estados do Brasil e até em outros países.
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