Quase 70% das famílias no Brasil estão endividadas. São prestações a pagar no cartão de crédito, financiamentos, empréstimos, cheque especial, boletos e outras contas em atraso. Dessas, por volta de 30% estariam inadimplentes – isto é, não conseguem mais pagar a contas com os atuais ganhos.
É claro que sempre teremos dívidas, de algumas nem nos damos conta. É o caso, por exemplo, da energia elétrica, do condomínio, da água, da escola etc que vão se acumulando durante um período, geralmente de 30 dias, para serem pagas nos respectivos vencimentos. Outras, de princípio também não são ruins, pelo contrário, necessárias para promover mais conforto e melhor padrão de vida. Sendo pagas nos vencimentos, sem multas e juros, são boas.
A maioria das pessoas ou das famílias não cai na inadimplência apenas com uma compra de valor alto. O processo do endividamento geralmente começa com valores menores que, isoladamente, parecem inofensivos e para os quais não se dá muita importância. Mas, somados no fim do mês, podem atingir um valor significativo. Como as dívidas não param de aumentar, a solução é fazer novas dívidas para pagar as anteriores. Talvez seja por isso que mais da metade dos brasileiros tem três ou mais cartões de crédito.
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Conforme pesquisa do Banco Central, 35% das pessoas entrevistadas disseram que o objetivo de possuir vários cartões é conseguir mais crédito, uma vez o que o limite de cada um deles não é suficiente. Aí que mora o perigo: taxa de juros do cartão de crédito rotativo atinge o nível mais alto em seis anos e chegou, em abril, a 447,5% ao ano. Uma dívida de R$ 1 mil em um ano fica em R$ 4.447,50. Uma loucura!
Apesar de todas as orientações divulgadas em sites da internet, programas de rádio e televisão, artigos de jornais e revistas, e as próprias pessoas saberem que não se pode gastar mais do que se ganha ou se pode pagar, parece que falta o principal: a transformação financeira que só acontece quando se consegue mudar o comportamento. Essa mudança faz parte de um processo de educação ou reeducação, em que as pessoas se tornam mais conscientes em relação à forma como lidam com o dinheiro e o que precisa ser transformado.
Muitas pessoas ainda confundem finanças pessoais com educação financeira. Enquanto finanças pessoais se restringe a algumas técnicas importantes e necessárias – fazer alguns cálculos, elaborar e seguir um orçamento, pesquisar preços, preencher planilhas, conhecer produtos financeiros etc -, a educação financeira vai além: usa as ferramentas das finanças pessoais, mas, por ser uma ciência humana, trabalha a mudança do comportamento e de hábitos das pessoas e de suas famílias para torná-las sustentáveis financeiramente.
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A metodologia da DSOP Educação Financeira, cientificamente comprovada, encara uma mudança de modelo mental e prevê equilíbrio entre o ser, o fazer, o ter e o manter. Esse equilíbrio só é possível se houver uma verdadeira reflexão e decisão sobre prioridades e realizações. Abrir mão de certos desejos e impulsos momentâneos sempre vai valer a pena se atingido o objetivo final. Quando se entende que uma pessoa feliz não é aquela que tem tudo o que deseja, mas tudo que planejou ter, como, por exemplo, a casa própria, fica mais fácil identificar o que precisa ser feito.
A educação financeira também se aprende ou seria aquele tipo de conhecimento ou habilidade que alguns tem, outros não? Há estudos que mostram os ganhos com a educação financeira na vida das pessoas. As crianças e jovens brasileiros aprenderão educação financeira nas escolas. No Rio Grande do Sul, o PL 231/2015 foi aprovado, pela Assembleia Legislativa, no dia 7 de junho de 2022, e obriga a inclusão de educação financeira em propostas pedagógicas de escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio do estado o que, aliás, já está inserido na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), desde 2020, como tema transversal que precisa ser abordado nas instituições de ensino.
E quem já passou dessa fase da vida para dar conta das necessidades e compromissos financeiros? Muitas empresas, inclusive pequenas, procuram preencher essa deficiência com palestras de sensibilização e conscientização, workshops e cursos voltados à educação financeira, muitas vezes extensivos às famílias dos colaboradores. O conceito de responsabilidade socioambiental está ligado a um processo de ganha-ganha; se, por um lado, o funcionário passa a ter uma melhor qualidade de vida, sem preocupações com as dívidas, de outro, o desempenho no trabalho melhora e, consequentemente, a empresa passa a ganhar ou, pelo menos, a não perder produtividade.
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Já quem trabalha em empresa que não oferece essa possibilidade, é aposentado, desempregado, autônomo etc. e tem dificuldades na área financeira deve procurar dicas de artigos de jornais ou revistas, de sites da internet, de livros, palestras, cursos, workshops etc. São fontes importantes e podem, pelo menos, despertar o interesse e ações para lidar melhor com o dinheiro. Uma das sugestões é acompanhar o Canal Dinheiro à vista, no Youtube, conteúdo gratuito oferecido pelo PhD Reinaldo Domingos.
Outra sugestão é o Dflix, o primeiro streaming de Educação Financeira do mundo, onde se pode assistir séries completas, sempre com base na Educação do Comportamento Financeiro. Em alguns casos, é preciso buscar ajuda de especialistas, como se faz em qualquer área de nossa vida, seja na saúde, na manutenção da casa ou no conserto do carro. É importante fazer com que a educação, no caso a financeira, seja difundida no Brasil para que cada vez mais pessoas possam adquirir e formar consciência sobre ela para, assim, criar-se uma sociedade mais saudável e próspera.
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