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A ilusão da era tecnológica

“A ideia de que a tecnologia comandará nosso futuro e que ela poderá libertar o ser humano de sua condição atual é um conto de fadas”, diz David Mattin, colega de estudos de futuros globais.Tecnologias emergentes, edição de DNA, inteligência artificial, cérebros conectados à rede, chips implantados na nossa pele, robôs assumindo parte do nosso trabalho viraram probabilidades reais. Inúmeras iniciativas de inovação ligadas à tecnologia invadiram o mercado em todas as partes do mundo. Companhias gigantes de tecnologia e espaço seguem pelo mundo em um chamado constante de despertar para uma nova realidade: um mundo mais conectado, sustentável e possível para todos os seres humanos do planeta. Mas é isso que realmente está acontecendo?

A intenção parece boa, mas por trás dessa máquina milionária, existem grandes players colonizando a sociedade para um futuro que talvez não aconteça, ou que não seja tão interessante para nossa raça, a grande estrela do século 21.

O planeta vem se transformando, as fronteiras planetárias caindo rapidamente. A possibilidade de vida útil e de projetos fora da Terra vem se tornando assunto comum e já se assume que não estamos sozinhos.

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A tecnologia possibilitará avanços, humanos aumentados, transumanos, mas algumas previsões de futuro são recheadas de ego, de mitos, e de interesses de pequenos grupos que no fim desejam monetizar cada vez mais.

Projetos de criação de bebês editados, de mistura de gene de humanos com genes animais estão em andamento, assim como o uso da tecnologia no submundo das trevas. Soltamos o gênio da garrafa e é impossível colocá-lo de volta. Por que abrimos essas portas sem questionar a moral e a ética? Podemos tudo, mas devemos? O que é ser humano? Não é apenas sobre comer melhor, vestir roupa impressa e andar em carros inteligentes. É sobre nossa existência e experiência de progresso. Podemos criar uma rede de cérebros conectados, mas onde ficarão as perguntas que nos tornam humanos de verdade: quem sou eu, de onde venho e para onde vou, por que existo, como posso amar e ser amado, o que me faz ser relevante e como posso deixar minha experiência neste mundo o melhor possível?

A tecnologia jamais preencherá essa lacuna. Cada vez mais, buscamos a multiplicidade do ser e a vida espiritual como complemento da matéria. A tecnologia não nos tornará deuses porque não temos moral elevada suficiente para exercer a divindade. Imortalidade? Sim, a alma já é imortal, mas brincar de criador pode custar caro. Precisamos nos tornar cocriadores de nossa existência sem deixar de enxergar todos os dias quão pequenos somos diante do grande universo. Enquanto o ego e a ganância comandarem nossa sociedade, seguiremos iludidos de que podemos tudo. É aqui que precisamos ajustar o parafuso.

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