Um projeto que reduziria em pelo menos 15 minutos o tempo de viagem entre Santa Cruz do Sul e Porto Alegre (via Charqueadas) e desviaria boa parte do tráfego de caminhões da RSC-287 no período da safra de tabaco repousa em algum escaninho da burocracia e da falta de capacidade de investimento do Estado. Há mais de uma década, Santa Cruz e Passo do Sobrado sonham com a ligação asfáltica entre os dois municípios, via Cerro Alegre Baixo. Embora tenha sido incluída no Plano Estratégico Regional, elaborado pelo Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo (Corede), não há qualquer previsão de quando a estrada vai andar.
O Corede calcula que a obra custaria algo em torno de R$ 30 milhões. Cerca de 15 quilômetros precisariam ser asfaltados para viabilizar a estrada que iria da BR-471, no Distrito Industrial de Santa Cruz, até a ERS-405, na área urbana de Passo do Sobrado. As informações são imprecisas porque sequer o traçado da futura rodovia está definido. A rota poderia tanto seguir a malha viária existente quanto ganhar novos caminhos em determinados pontos, de acordo com as necessidades da engenharia.
O prefeito de Passo do Sobrado, Hélio Olímpio de Queiroz (PTB), entende que, diante das dificuldades financeiras do Estado, pensar em novo traçado é utopia. A desapropriação de terra aumentaria ainda mais os custos da obra. Diante disso, defende a manutenção da rota atual, que vai do fim do asfalto de Cerro Alegre até a 405, na área urbana de seu município. Queiroz é taxativo ao dizer que se o Estado faz o asfalto, a Prefeitura poderia até assumir a conservação. “Não podemos desistir desse antigo sonho”, reforça o prefeito, que cobra melhorias em outros pontos administrados pelo Estado.
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Entre as necessidades está a recuperação de cabeceiras de pontes da ERS-244, entre Vale Verde e Venâncio Aires. “O secretário estadual Pedro Westphalen (de Transportes) esteve recentemente na região e conversamos sobre o assunto. São intervenções necessárias, ele concorda. Mas não há dinheiro suficiente e por isso nada avança. Tentamos manter a mobilização com nossos deputados”, informa o prefeito de Passo do Sobrado, que pede ao menos a conservação da ligação existente com o Distrito Industrial de Santa Cruz. “Se melhorassem um pouco as condições, mais gente utilizaria essa rota mesmo antes do asfalto”, garante.
A futura estrada que encurtaria caminho e aliviaria um pouco o trânsito da RSC-287 começaria na BR-471, na entrada de Cerro Alegre. A partir dali são cerca de oito quilômetros de asfalto em boas condições. Depois são mais 15 quilômetros, aproximadamente, por estrada de chão. Na chegada ao Centro de Passo do Sobrado tem mais um quilômetro de asfalto. Na região de Passo da Mangueira, os buracos desafiam os motoristas. A falta de manutenção da estrada desencoraja os viajantes a utilizarem o atalho via Cerro Alegre e Passo do Sobrado. Também não há sinalização para ajudar os que não conhecem o caminho.
Deputado mantém assunto na pauta da AL
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O deputado estadual Marcelo Moraes (PTB) afirma que a classe política está organizada sobre o assunto, tanto parlamentares quanto prefeitos. Ele reforça que o Estado entende a necessidade da obra, mas o projeto esbarra na falta de dinheiro. Moraes já realizou audiências públicas em Passo do Sobrado e Santa Cruz do Sul para debater a questão. O principal argumento para a construção da estrada é desafogar o trânsito de caminhões da BR-471 na zona urbana de Santa Cruz, principalmente no período da safra de tabaco, quando as indústrias recebem a produção de municípios dos três estados do Sul do Brasil.
Moraes calcula que entre 14 e 15 quilômetros precisariam ser asfaltados (algo em torno de R$ 28 milhões). Após o asfalto de Cerro Alegre, a base para pavimentação já foi feita pela Prefeitura santa-cruzense até a localidade de Malhada. O Executivo de Passo do Sobrado conseguiu asfaltar um quilômetro, a partir da Avenida Alberto Jacobsen. “Os municípios fazem o que podem. Já coloquei projeto de emenda ao Orçamento do Estado para essa estrada, sempre coloco o assunto em discussão na Assembleia Legislativa. Mas sabemos que há outras prioridades em meio à crise financeira que estamos passando. O governo estadual sabe da importância e, ao mesmo tempo, sabemos que não há dinheiro disponível para uma obra como essa”, explica o deputado.
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