Na eleição presidencial de 2018, ocorreu um plebiscito pautado e definido pelos ditos “defeitos” dos candidatos e do que alegadamente representariam. Não à toa, os refrãos predominantes de campanha foram “Ele não!” e “PT não!”.
Mantidas as candidaturas de Lula e Bolsonaro, e possivelmente ambos presentes no segundo turno, os refrãos eleitorais se repetirão. Ou seja, “Lula não!” e “Bolsonaro não!”. Ou, então, “PT não!” e “Ele não!”
Adjetivos pessoais à parte, os dois candidatos têm uma “folha corrida” que faz jus aos refrãos negativos. Mas, então, o que explica o “prestígio” de ambos e sua provável presença no segundo turno?
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Ambos são personalistas e populistas. Logo, demagogicamente, em seus discursos predomina o divisionismo social, uma pregação irresponsável e que sempre acusa e responsabiliza o “outro”.
Afinal, “o inferno são os outros!”, já dizia o filósofo francês Jean Paul Sartre (1905-1980). Discursos típicos não faltarão. Um já disse que “nossa bandeira jamais será vermelha”. O outro disse que pretende “salvar a democracia e a credibilidade internacional da nação”.
Ridículos ou não, incompatíveis ou não, os refrãos funcionam, mobilizam e garantem a fidelidade dos simpatizantes. Aliás, na fase aguda da pandemia, alguns adversários eram nominados de “negacionistas sanitários”. Hoje, em contrapartida provocativa, predominam os “negacionistas judiciais”. Em síntese, danem-se os fatos!
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Dessa agressiva polarização retórica e comportamental, resulta um agravamento na extensão e amplitude das relações sociais. Incompreensivos e intolerantes com a cautela alheia na apreciação do quadro eleitoral atual, os fanáticos subestimam e ofendem os demais cidadãos.
Em outras palavras, é “hora de trocar o disco”. Moderar a falação. E prestar atenção em dados das eleições presidenciais anteriores. Refiro-me aos números de eleitores ausentes (abstenções), de votos nulos e brancos.
Desde 2002, em todas as eleições presidenciais, entre 25% e 28% dos eleitores inscritos não compareceram, ou votaram em branco, ou anularam o voto. Em 2018, 31,4 milhões não compareceram, 8,6 milhões anularam o voto e 2,5 milhões votaram em branco. São 42,5 milhões de potenciais votos!
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Uma notória contestação e insatisfação com os rumos e o nível da prática política. Mantido o atual comportamento agressivo e desagregador, não me surpreenderá o surgimento da dita “terceira via”. Mais tarde. À véspera do segundo turno.
Hipótese? Um dos dois finalistas ao segundo turno, hoje prováveis Lula e Bolsonaro, prevendo a hipótese de uma derrota, pode vir a renunciar (o direito de disputa) em favor do terceiro colocado. Em quem votariam os ditos “ausentes, brancos e nulos”?
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