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A Gazeta esteve lá: uma viagem para redescobrir o Jacuí

Carente de investimentos do governo federal, o sistema de transportes hidroviário do Rio Grande do Sul foi bastante prejudicado no início da década de 90. Para retomar a importância que teve no passado e desafogar a malha rodoviária, o então governador Alceu Collares pretendia investir para que os rios voltassem a ter importância no escoamento de produtos. Com o objetivo de propiciar um amplo debate em torno das hidrovias e dos portos, a Secretaria dos Transportes organizou nos dias 12 e 13 de maio de 1992 uma viagem de trabalho entre Cachoeira do Sul e Porto Alegre, com o barco Cisne Branco.

O roteiro pelo Rio Jacuí teve a participação de autoridades estaduais, federais e municipais, bem como representantes da iniciativa privada. Uma equipe da Gazeta acompanhou toda a viagem e as atividades, como seminários e debates com a participação do então secretário estadual dos Transportes, Matheus Schmidt. Ao final, a Gazeta do Sul publicou uma série com quatro reportagens sobre a importância do Jacuí, as possibilidades de sua utilização, importância no Mercosul, preservação ambiental e exploração turística.

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Rio tem barragens, como a de Dom Marco

Com participação significativa na colonização e desenvolvimento do interior do Rio Grande do Sul, o transporte hidroviário estava esquecido no início da década de 90, apesar do enorme potencial natural, com rios navegáveis que atingem toda a zona de produção primária e o Polo Petroquímico. Para incentivar o uso das hidrovias, a Secretaria dos Transportes decidiu no governo de Collares dar atenção especial para a implantação do terminal rodoferroviário em Cachoeira do Sul, na dragagem dos canais de acesso aos portos de Rio Grande, Porto Alegre e Pelotas e outros projetos.

No ano de 1992, as hidrovias eram utilizadas apenas para 1% dos transportes no Brasil. Apesar do Rio Grande do Sul possuir apenas 3,3% das vias navegáveis brasileiras, o Estado liderava em carga transportada por hidrovias: em 1988 foi responsável por 55%, totalizando quatro milhões de toneladas movimentadas naquele ano. A decisão de investir no setor, atraindo o interesse dos empresários, ocorreu pelo fato de 90% do projeto hidroviário previsto para o Rio Grande do Sul estar pronto, sendo modelo para o País. No Estado houve a construção da primeira barragem com eclusa da América Latina, em 1916, no Rio Caí, favorecendo o transporte naquela via. Diversas outras foram construídas ao longo dos anos com verbas do governo federal, como as de Fandango, Dom Marco e Amarópolis, todas no Rio Jacuí.

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Porto Alegre era opção para embarcar o fumo

O Jacuí é o maior e mais importante rio navegável do Rio Grande do Sul. Dos seus 750 quilômetros de extensão, em 1992 apresentava 230 quilômetros de via navegável no trecho situado entre as cidades de Porto Alegre e Cachoeira do Sul, para embarcações de 2,5 metros de calado. Uma viagem pelo rio significa percorrer um pedaço da história do Rio Grande do Sul. Nas margens se estabeleceram os primeiros colonizadores açorianos, e alguma característica daquela época permanece em praticamente todas as cidades localizadas nessa área. Mas as agressões ambientais já no início da década de 90 causavam preocupação, como o desmatamento nas margens, o lixo despejado no rio e a grande quantidade de agrotóxicos que entra no Jacuí.

Margens já estavam corroídas pela erosão

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