Temas locais e regionais sempre foram prioridade na cobertura da Gazeta, que tem no seu DNA septuagenário a missão de dar espaço a tudo o que envolve, preocupa e interessa ao dia a dia de nossos leitores. Mas há momentos em que se impõem assuntos de maior expressão, que dizem respeito não (apenas) a nosso quintal, mas a todo o País, e talvez ao mundo, exigindo de nós um esforço especial. Uma dessas situações foi em 2016, quando, pela segunda vez em sua história, o Brasil afastou um presidente da República do cargo.
No dia 10 de maio daquele ano, uma terça-feira, as atenções de toda a nação, do Oiapoque ao Chuí, estavam voltadas ao Senado Federal, que, na manhã seguinte, iniciaria o julgamento da admissibilidade do impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). O processo só seria concluído em definitivo meses depois, mas daquela primeira votação já dependia a permanência de Dilma ou não no Palácio do Planalto. Não havia, pois, outro lugar onde deveríamos estar. Ainda naquela terça, a Gazeta pousou em Brasília para contar, com um olhar próprio, aquele capítulo importante da trajetória nacional.
Assim que chegou à capital federal, o jornalista Pedro Garcia se deparou com protestos pró e contra Dilma na Praça dos Três Poderes, que bem ilustravam o clima divisionista daqueles dias. No outro dia, somou-se a mais de uma centena de repórteres de todas as partes do planeta que se acotovelavam junto ao acesso ao plenário: The Guardian, BBC, El Clarín, todos os grandes veículos internacionais estavam ali representados. A presença da imprensa superava a capacidade da Casa, a ponto de a maioria dos profissionais ter que se instalar em cantos e pedaços de parede para trabalhar.
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Foi uma jornada longa: a sessão estendeu-se pela tarde, invadiu a madrugada e só terminou na outra manhã, após mais de 20 horas. À exceção de um intervalo no fim da tarde para uma refeição que fez as vezes de almoço e jantar, permanecemos lá do primeiro ao último minuto, reportando quase simultaneamente para três emissoras de rádio, o Portal Gaz e as redes sociais, e buscando relatar o que não estava nos materiais das agências de notícias: os bastidores, as curiosidades, as declarações exclusivas. Por volta das 6 horas, foi transmitido ao vivo o instante em que o então presidente do Senado Federal, Renan Calheiros, proclamou o resultado e carimbou em nossa linha do tempo uma nova virada: “Sim, 55. Não, 22”.
Sobrou pouco tempo para descansar. Três horas depois, Dilma deixaria o Planalto aplaudida pelos militantes e alegando estar sofrendo “a dor inominável da injustiça”. Mais algumas horas, Michel Temer (MDB) seria empossado, prometendo “um governo de salvação nacional”. A história com H maiúsculo fazia-se diante de nossos olhos, e a Gazeta, mais uma vez, ajudou a contá-la.
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