No dia 7 de outubro de 2010, o mundo recebia a notícia de que o escritor peruano Mario Vargas Llosa, aos 74 anos, era o novo ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. Quis o destino que uma semana depois, no dia 14, desembarcasse em Porto Alegre, já na condição de uma das maiores celebridades contemporâneas. Ele já era um dos nomes confirmados no ciclo Fronteiras do Pensamento, e sua palestra estava programada para aquela data. Como tais coincidências nem sempre se repetem, a Gazeta jamais deixaria de estar lá para registrar a visita histórica.
Assim, naquele 14 de outubro, pela manhã, lá estavam o jornalista Romar Rudolfo Beling, então editor da Editora Gazeta, e o fotógrafo Lula Helfer, no saguão do Intercity Hotel, para acompanhar a concorrida entrevista coletiva. Que, pelas razões óbvias, não mobilizava apenas jornalistas gaúchos, mas também de outras capitais. Natural de Arequipa, no Sul do Peru, Vargas Llosa já residia, na época, em Nova Iorque, onde, além de produzir sua obra de ficção e ensaística, lecionava em universidade. Aliás, acabara de publicar novo romance, O sonho do celta, que, como era de esperar, foi um dos livros mais concorridos da reta final de 2010.
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Após a coletiva, que a Gazeta do Sul veiculou no Magazine, na edição de 23 e 24 de outubro, Vargas Llosa ainda posou para as lentes dos fotógrafos. Lula Helfer foi um dos poucos profissionais a ter acesso à sala reservada na qual o escritor (que também atuou na política, inclusive candidato à presidência do Peru em 1990, derrotado na ocasião), posou, simpático, para fotos especiais. Uma ilustrou a capa do Magazine, sub a manchete “Deus Llosa”.
O momento alto da visita dele a Porto Alegre foi a palestra proferida à noite num Salão de Atos da Ufrgs lotado, e ali mais uma vez Beling e Lula estiveram presentes, registrando sua mensagem e captando imagens. Foi, certamente, uma das atividades mais concorridas na cena cultural da capital gaúcha neste início de século 21, atraindo gente de todas as áreas. Entre suas falas, uma foi registrada na central do suplemento, sobre as razões que podem e devem motivar alguém a seguir escrevendo: “É evidente que a literatura não produz mudanças históricas imediatas e não pode ser convertida em um instrumento de ação política. Creio que ela estimula muito a atitude crítica frente à vida, frente ao mundo, frente a todos os aspectos da realidade. E essa é seguramente a razão para que todos os regimes políticos autoritários, totalitários, tenham estabelecido sistemas de censura, de controle da literatura, porque viram nela, instintivamente, um perigo”.
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Quase dez anos depois, e com Llosa já tendo completado 84 anos, no dia 28 de março, sua sólida e abrangente obra segue convidando à leitura. Na última década, lançou os romances O herói discreto, em 2013; Cinco esquinas, em 2016, e Tiempos recios (ou “Tempos difíceis”, ainda não traduzido e publicado no Brasil), este em 2019, que, só por seu título, já anuncia uma forte atualidade. Mas o autor é também lúcido e ativo em seu posicionamento crítico, como ensaísta e analista das condições sociais e econômicas, e sua opinião sempre deve contar muito.
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