Um dos maiores e mais queridos poetas brasileiros de todos os tempos, o mato-grossense Manoel de Barros, teve vida produtiva, prolífica, inspirada e longeva. Nascido em Cuiabá, capital do Mato Grosso, no dia 19 de dezembro de 1916, faleceu em Campo Grande, capital do coirmão Mato Grosso do Sul, onde residia, em 13 de novembro de 2014, aos bem-vividos 97 anos. Reconhecido como uma das maiores vozes líricas do século 20 e deste início de século 21, é o poeta das coisas simples, puras, dos pequenos seres e das águas, tão importantes em sua região pantaneira. E quando ele estava com 85 anos, no início de junho de 2002, há quase duas décadas, ele recebeu a Gazeta em sua casa, em Campo Grande.
Na época, o jornalista Romar Rudolfo Beling, então editor na Editora Gazeta, visitava o Mato Grosso do Sul para uma série de entrevistas relacionadas ao Anuário Brasileiro do Algodão, cultura na qual esse Estado é expoente, a exemplo do território mato-grossense situado mais ao Norte. Especialista em Literatura, Beling, por intermédio de um colega jornalista da Folha do Povo, diário da capital sul-mato-grossense, foi colocado em contato com Manoel de Barros, personagem ilustre para essa comunidade.
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O poeta prontamente concordou em receber o jornalista vindo da região Sul para uma entrevista em sua casa. E essa experiência Beling compartilhou em texto na página 4 do suplemento de final de semana Magazine, na Gazeta do Sul de 22 e 23 de junho de 2002, sob o título “Na casa de Manoel de Barros”, ilustrada com foto do autor. “Quinze minutos para as cinco da tarde da quinta-feira, a primeira do mês de junho de 2002. Percorro apressado as cinco ou seis quadras que separam o centro comercial das imediações da Estação Rodoviária de Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul. As ideias fervilham. Em menos de 15 minutos deverei estar na residência do poeta Manoel de Barros”, principiava o relato.
Então menciona que, ao chegar à acolhedora casa, o próprio poeta viera ao seu encontro, por um caminho no pátio, e o recebeu sorridente e animado. Instalados na confortável sala, conversaram por cerca de uma hora, bate-papo interrompido quando Manoel foi buscar exemplares de seu livro-álbum Águas, que acabara de publicar, ao final de 2001, e, em outro momento, quando lhes serviram um café. Conversaram sobre a obra de Manoel, sobre sua relação com outros poetas e escritores brasileiros, sua identificação com o universo pantaneiro e suas leituras. Desse encontro, Beling guarda o exemplar de Águas autografado. Na despedida, Manoel o acompanhou até defronte à casa, aguardando que o jornalista embarcasse no táxi.
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O nome de Manoel de Barros impôs-se na literatura brasileira já no distante ano de 1937, com seu primeiro livro, Poemas concebidos sem pecado, até hoje sucessivamente reeditado, e publicado quando esse mato-grossense recém havia chegado aos 20 anos. A esse volume seguiram-se mais de três dezenas de títulos, muitos dos quais premiados, nos mais variados certames importantes. A natureza e a simplicidade do existir são marca recorrente em sua obra, que merece sempre ser lida e relida.
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