Antes de pensarmos em comprar uma casa, tivemos uma decisão em família: iríamos ter um gato. Não foi unanimidade. Perdi por dois a um e como minoria em uma democracia, mesmo a contragosto aceitei o resultado. Explico: cresci cercado por cachorros. Tivemos vira-latas de todos os tipos e nomes. Gato era algo que não fazia parte da realidade lá de casa. Acho que era uma herança das origens rurais que tinham aquela história toda do cão de guarda. Naturalmente, o curso natural seria ter um cachorro.

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Mas a Verushka, mais urbana, gateira e bióloga, defendeu a adoção do felino, falou de todos os pontos positivos e o Antônio gostou da ideia. Enfim, dois anos, uma pandemia e o estresse de uma obra depois, trocamos a vida compacta do apartamento por um lar com jardim, grama e árvores. A essa altura já tinha contado pra meio mundo a história do gato repetindo os argumentos contrários. Foi então que a Rafaelly Machado, fotógrafa aqui da Gazeta do Sul, ofereceu uma filhote que nascera na casa do pai dela, o Márcio, colega das artes gráficas do jornal.

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Chegou o dia do primeiro encontro. Pequeninha, a bolinha preto e branco estilo Frajola saiu correndo e se escondeu. Acho que senti a mesma vontade. Enfim, ela aceitou ir. O nome ficou Amora, igual ao da mãe.
– É ela lá e eu aqui. Não quero gato no sofá, na cama, em lugar algum, determinei.

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A casa novinha e a gata miando sem parar. Comprei o primeiro brinquedo, as primeiras rações e a caixinha de transporte cor de rosa, mas seguia dizendo que queria distância. Amora, porém, não sabia. Quando via estava escalando pelos meus ombros ronronando e crescendo, um verdadeiro monstro que foi capaz de transformar em cacos um vaso de cristal. No momento em que começou a subir pelas cortinas recém-instaladas, a situação ficou tensa. Soube que existe um repelente para gatos. Comprei e descobri que não funciona. Os fios puxados na cortina e o blecaute rasgado confirmam.

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Ela cresceu e agora, um ano depois, está mais calma. Parou de miar às 3 horas pedindo para eu abrir a porta para ela escalar alguma árvore. No inverno deu para subir nas camas e se aninhar, onde? Sim, no meu lugar! Nos dias de cinema em casa, lá estava ela no meio. Rendeu até foto para as redes sociais.
Ok, Amora, você venceu. Hoje já vivemos em harmonia, até digo que virei pai de gata e arrisco uns colos. Tenho uma sequência de fotos da bichana no celular e quando vejo estou contando suas histórias e peripécias, como no dia em que apareceu com um camundongo na boca ou das vezes em que abocanhou aves no quintal. Inclusive, nessa sexta-feira, ela miava sem parar na porta. Quando abrimos, tinha penas para todos os lados. Lá se foi mais um pássaro.

Em tempo: este texto foi escrito por volta da 1 hora do último sábado, após eu chegar da Gazeta e a Amora correr em direção à garagem para me recepcionar e pedir para ir até seu quarto onde fica o pote de ração.

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Guilherme Bica

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