Colunistas

A garantia de oxigênio para o futuro

Sempre que uma árvore tomba, algo muito importante morre.

Essa reflexão pode ser feita a partir de uma inferência ao final do artigo do escritor e ambientalista José Alberto Wenzel, em sua coluna quinzenal que circula na página 13 desta edição. Wenzel cita uma corticeira que existe (é de acreditar que ainda exista…) em Linha Saraiva, no interior de Santa Cruz do Sul.

Mas se pode estabelecer também um intertexto com conteúdo divulgado nesta semana na internet, facilmente localizável em dezenas de sites de notícias: na quarta-feira, 27, na Inglaterra, um adolescente de 16 anos, de forma inconsequente e sem qualquer noção acerca das implicações de seu gesto, pôs abaixo uma árvore de mais de 200 anos, a Sycamore Gap, em ato de vandalismo que custou ao autor a apreensão por parte das autoridades. Não houve desculpa para a sua pouca idade. Próximo à Muralha de Hadrian, no nordeste inglês, essa árvore era um símbolo; aparecera em filmes, e pessoas deslocavam-se para vê-la. Pois ele foi lá e a cortou.

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Essa notícia não faz refletir sobre os “adolescentes” (ao menos na forma de agir) que nos cercam? Por aqui, não só os “vândalos” não são apreendidos, como até são aplaudidos, autorizados ou instados a cortar, eliminar, aplainar e besuntar de cimento. Mas mesmo onde as pessoas se acostumaram a cobrir tudo de cimento e a pintar a paisagem de cinza, os pulmões precisam de ar, de preferência puro (e este não está à venda, nem em ambiente físico, nem no digital). Aos que se especializaram em depredar não escapam árvores de 200 anos (ou de mil, ou de 2 mil), em qualquer lugar. Não escapam corticeiras, araucárias, tipuanas ou qualquer outra espécie, na interpretação deles dispensáveis, pois atrapalham a vista (ou o que quer que entendam por tal). Todo argumento é usado para cortar, podar, suprimir, ainda que signifique dano a patrimônio ambiental coletivo, que integra o imaginário, em calçadas, ruas e parques. Em alguns países, as sanções são severas; no Brasil, penalizada é a sociedade.

À reflexão de Wenzel e ao ocorrido na Inglaterra associa-se outra referência: ao final de entrevista que a prefeita Helena Hermany, acompanhada do seu vice, Elstor Desbessell, concedeu ao jornalista Ronaldo Falkenback, quinta-feira, dia 28, na Rádio Gazeta FM 107,9, no dia em que Santa Cruz do Sul completava 145 anos, ela instou a população a plantar árvores: nas calçadas, diante de casas, lojas, prédios. Plantar, e não derrubar. Porque a cidade precisa de verde!

Fazendo coro com o recado da prefeita Helena, seria possível elencar outro pedido: que a população (incluindo lojas, empresas e órgãos, em especial aqueles que devem zelar por um patrimônio que é coletivo, de todos, e do qual desfrutar é um direito de todos os seres vivos), se não for plantar, ao menos não derrube mais. Se ficarem as que restaram em pé, talvez as gerações futuras ainda terão alguma chance de dispor de sombra em dias tórridos; do contrário, passarão a disputar até mesmo ar para respirar. Bom final de semana!

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