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tragédia climática

A fúria da natureza: uma semana que nunca será esquecida

Foto: Alencar da Rosa

Corpo de vítima da enchente em Sinimbu é encontrado

Imagem captada pelo fotógrafo Alencar da Rosa mostra o turbulento Rio Pardinho na quinta-feira, nas imediações de Sinimbu

Quando o tempo mudou repentinamente ao longo do sábado, 27, há uma semana, certamente nenhuma pessoa em toda a região poderia sequer intuir o que estava por vir. Naquela tarde, uma microexplosão atmosférica foi registrada sobre o Vale do Rio Pardo, como foi nomeada pela meteorologia, provocando a queda de árvores e postes de energia elétrica, bem como danificando residências em vários pontos de Santa Cruz do Sul e de outras cidades. Uma das áreas mais atingidas, na ocasião, foi o Bairro Linha João Alves.

No entanto, o pior ainda estava por vir. Ao longo dos dias seguintes, tendo seu ápice a partir da terça-feira, 30, uma chuvarada sem precedentes na história regional causou mortes e arrasou cidades, com ênfase em Sinimbu. As fortes águas danificaram de tal maneira a infraestrutura de transportes, inviabilizando o acesso a muitas localidades, e de abastecimento que o cenário tornou-se de calamidade pública.

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No Estado, ao menos 40 mortes haviam sido registradas até essa sexta-feira, 3, dia em que o acumulado das chuvas na região dos vales e que fluiu pelo Rio Jacuí chegou até a região Metropolitana. Porto Alegre, por exemplo, vivenciava o mesmo cenário de catástrofe, com as águas transbordando no Cais Mauá e inundando o Centro Histórico da capital.

Uma tragédia climática que ainda terá muitos reflexos

Há uma semana, Santa Cruz do Sul se preparava para a 35ª Feira do Livro e a 1ª Festa Literária Internacional. Ainda que tenham sido iniciados, os dois eventos precisaram ter todas as atividades definitivamente canceladas na quinta-feira, 2, quando a Prefeitura emitiu decreto de calamidade pública por causa das fortes chuvas, que levaram à inundação de áreas da cidade e do meio rural.

Na região, os transtornos foram imensos e dramáticos, a começar por Sinimbu, mas estendendo-se a todas as cidades da área baixa do Vale do Rio Pardo, em especial as situadas ao longo de rios e outros cursos de água. Com a enchente, estradas foram danificadas, do que não foram poupadas rodovias como a RSC-287. A maioria dos caminhos estão interrompidos em vários pontos, inviabilizando até mesmo o acesso a cidades vizinhas, o que, na sexta-feira, incluía Candelária (e Santa Maria).

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Como se já não bastasse o cenário decorrente da chuvarada, as previsões para os próximos dias são desanimadoras. Reportagem do jornalista Caio Possati, da Agência Estado, advertiu que os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o último fíndi devem continuar neste fim de semana. Só na sexta e neste sábado, o acumulado pode chegar a mais de 250 milímetros, e atingir com mais intensidade o nordeste e o norte do Estado.

“A instabilidade segue sobre o Estado. É aquele canal de umidade que está vindo do norte do País e que vai, infelizmente, continuar nos próximos dias”, disse a meteorologista Cátia Valente. Segundo ela, a chuva deve continuar no domingo, 5, atingindo a parte mais norte do Estado, mas já em menor intensidade.

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Segundo a Defesa Civil, em divulgação feita na última quinta-feira, a condição hidrológica do Estado é considerada de “níveis muito acima da cota de inundação”, e a tendência é que as elevações sejam mantidas em “praticamente todos os rios” do Rio Grande do Sul, “principalmente nas bacias dos rios Jacuí, Taquari-Antas e Caí”.

Já Estael Sias, meteorologista da MetSul, afirma que as chuvas devem dar trégua no começo da semana que vem. “Mas é importante entender todo o contexto da melhora do tempo e o que vai ocorrer até o tempo firmar, mesmo que brevemente”, salienta. A equipe da MetSul explica que as fortes chuvas são resultado de uma massa de ar fria sobre o Estado, que ficou estacionada por conta da presença de uma massa de ar quente “excepcionalmente forte”.

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Decorrências da enchente em áreas como a do Bairro Várzea ficam mais visíveis a cada hora que passa

Os modelos meteorológicos ainda não são unânimes em informar sobre a intensidade das chuvas de domingo. “A maioria indica pouca chuva, mas por experiência sabemos que frentes quentes não raro provocam chuva forte e temporais com raios e granizo”, diz Estael. “Na segunda, a frente quente estará sobre o Uruguai e, então, o ar muito quente do Brasil vai tomar o Estado”, completa.

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A previsão é de calor e que o sol predomine no começo da semana que vem. As máximas poderão atingir 35 graus em algumas cidades e 32 graus a 34 graus na Grande Porto Alegre. Na terça, afirma a MetSul, o sol e calor continuam predominando e os temporais deverão ficar concentrados no extremo sul do Estado, e próximo das fronteiras.

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Rotary e Lions lançaram a campanha SOS Calamidade

Os clubes de serviço de Santa Cruz do Sul, Lions e Rotary, em parceria com a Gazeta Grupo de Comunicações, lançaram nessa sexta-feira, 3, a campanha SOS Calamidade. A iniciativa tem como objetivo arrecadar fundos para auxiliar as famílias de Santa Cruz do Sul e região que perderam seus pertences nas inundações. O foco será a compra e entrega de móveis e utensílios domésticos aos atingidos, entre outras necessidades.

Representantes dos clubes de serviço definiram ação em reunião nessa sexta-feira na sede da Gazeta

Para receber as doações, foram criadas duas chaves Pix, uma gerenciada pelo Rotary e outra pelo Lions. “Além das casas que sofreram danos, também houve perda de móveis e utensílios, então esse é o nosso propósito”, afirma o diretor-executivo da Gazeta, Jones Alei da Silva. Ele entende que a experiência dos clubes em realizar campanhas beneficentes e prestar auxílio, aliadas ao alcance dos veículos da Gazeta, pode gerar resultados significativos e angariar recursos suficientes para atender a todos.

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Conforme a representante do Rotary Clube Santa Cruz, Solange Basso, os clubes de serviço estão acostumados a realizar eventos, festas e outras ações para prestar assistência a entidades; agora, será a hora de auxiliar as vítimas das enchentes. “Não faz diferença para qual conta irá a doação, depois tudo será avaliado por uma comissão que vai acompanhar as famílias e ver o que elas precisam.” Segundo ela, já estão chegando muitos donativos, mas o que faltar será adquirido com os recursos recebidos.

“Geladeira, fogão e pia. O básico, e se der para comprar mais coisas, vamos fazer”, completa Solange. O representante do Lions Clube, Gerson Assmann, reforça que tudo será feito com a maior agilidade possível e buscando possibilitar que as pessoas voltem às suas casas já com móveis e utensílios novos, de modo a reorganizar e recomeçar as suas vidas com os itens básicos dentro das residências.

Como doar

Os interessados em ajudar podem fazer a contribuição por meio da chave Pix telefone celular (51) 99994 5116, em nome de Rotary Clube Santa Cruz, ou pela chave Pix CNPJ 94.999.679/0001-18, em nome de Lions Clube Aliança. Os valores recebidos serão atualizados diariamente por meio das redes sociais, bem como haverá prestação de contas pública para que os doadores acompanhem como os recursos estão sendo investidos e quais são as famílias beneficiadas.

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