O sorriso é uma marca registrada. Bastou alguns minutos para entender que a palavra escolhida para representá-la no concurso de soberanas de Arroio do Tigre não poderia ter sido outra: carisma. Jéssica Andressa Pappis Hermes foi coroada rainha de seu município em novembro do ano passado, em uma noite de encantos e emoções. Mas, e por trás da coroa, quem é esta jovem?
A arroio-tigrense de 16 anos de idade ingressa logo mais no 3º ano do Ensino Médio e, em paralelo, dedica-se ao curso técnico em Enfermagem, um dos sonhos que deseja realizar, seguindo, após, para a formação na graduação em Enfermagem. Moradora da localidade de Morro da Lentilha, desde a infância convive muito próximo à natureza, em contato direto com os animais e as riquezas que a terra dá. “Quero cursar Enfermagem, mas não quero sair do campo. O campo pode ficar sempre comigo que de mim ele não sai. Então só mudar um pouquinho o ramo, mas continuar auxiliando na propriedade. O que a gente aprende nunca é demais, nunca vai ser um desperdício”, enfatiza.
Uma entre os cinco filhos do casal Gilson Vitélio Hermes, 56 anos, e Vanessa Pappis Hermes, 42 anos, sendo destes dois biológicos e três do coração, incluindo Jéssica, a menina sonhadora revela amar a vida no campo e os afazeres e tradições, costumes e valores que vão sendo passados entre gerações, especialmente pelos pais e avós que dividem o mesmo lar, seu Benno João Hermes, 82 anos, e dona Irondina Maria Dalmolin Hermes, 77 anos. “A infância no campo nem se compara. A gente aprende desde cedo a cultivar as heranças daqui, a trabalhar com o que gosta e a seguir o legado deixado pelos pais e avós”, ressalta a jovem.
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A propriedade da família é exemplo de diversificação rural, com produção de soja, milho, feijão, aveia, mas também gado leiteiro e de corte, rebanho de ovelhas, suínos, e outros cultivos para subsistência. Para dar conta de todos os afazeres, a rotina de quem vive no meio rural costuma iniciar cedo, e assim ocorre com Jéssica. “A minha rotina é bem corrida. Acordo sempre às 5 horas. É sagrado. Faço café para os meus pais, faço chimarrão, acendo o fogo e sentamos para tomar mate. Em alguns momentos, quando no período de aula, é preciso levantar um pouco mais cedo, para dar tempo de ordenhar as vacas. No inverno, com as mãos rachadas do frio, depois da ordenha, tomava banho, café e ia para a escola. Ao retornar ajudo nos afazeres de casa e da propriedade, levando café na roça para eles, ordenhando à tardinha novamente, tratando os animais, porque é o que a gente gosta. É algo que a gente faz com gosto, porque é o nosso bem-estar, o bem-estar da propriedade, do lugar em que a gente vive”.
Realizando a ordenha das vacas diariamente, tarefa que aprendeu com os avós, Jéssica recorda que durante o período de preparação para o concurso suas “companheiras” ouviram muitas vezes seus ensaios para o discurso. “As vacas sabiam de cor meu discurso”, revela bem humorada.
O concurso de soberanas de Arroio do Tigre foi o primeiro certame do qual participou. Para ela foi muito emocionante desde o momento em que foi convidada pelo Essen und Tanzen para ser representante da entidade. “Já tinha ido a desfiles anteriores, onde primas haviam participado, e eu dizia ‘um dia quero estar lá’. É tão bonito, não o fato só de ganhar, mas de ver as garotas lindas na passarela, ‘elas parecem ter tanta autoconfiança, autoestima’, que eu dizia que um dia queria estar lá. Meus pais apoiaram e aceitei o convite para participar, e dali em diante foi só sucesso, foi muito bom”.
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Jéssica menciona que, durante a preparação, seu jeito simples e por não ter participado de nenhum concurso antes, motivaram certo estranhamento para ela. “Eu não tinha experiência, nunca havia desfilado. Estar vestida de maneira simples, sem saber me maquiar, me deixava às vezes meio aflita. Tinha dias que chorava. Às vezes a gente acha que não tem nada, mas tem Deus. E eu rezei muito para chegar onde cheguei. Na passarela foi um momento mágico, deixei transparecer o que eu sou. Quando entrei para receber a coroa e a faixa, a primeira coisa que fiz foi erguer as mãos e agradecer, ‘Obrigado, Pai’. Prometi que iria agradecer primeiramente a Deus por ter me dado oportunidades e força. Para quem sonha em ser soberana, não tenham medo. Vocês são capazes. Acreditem em seus sonhos, vivam essa experiência. O aprendizado e o conhecimento nunca vão ser esquecidos. Ser é mais importante do que ter. Eu sou o que realmente sou, a garota do interior, a Jéssica estudante, sou eu”, ressalta.
Representar seu município e, em especial, sendo uma jovem rural, é motivo de orgulho e responsabilidade. “É muito bom. Não tenho nem palavras para descrever. Como a gente lida aqui no interior é muito fácil puxar assunto com as pessoas e ter o que falar, então a gente conversa sobre tudo. E, com os jovens, eles se sentem bem representados, pois é difícil ter uma pessoa do interior na corte. Quando a gente se coloca como candidata não é só ‘eu’, é a minha família inteira que está ali, envolve todos. Mesmo em meio ao forte da safra, eles me acompanhavam, levavam, buscavam. Foi um esforço coletivo e muito apoio da família. Durante o concurso conheci muitas pessoas novas, foi e está sendo uma experiência muito boa”, revela Jéssica, que é integrante da Juventude Construindo Amor.
Depois de um passeio pela propriedade, a rainha e jovem do campo serviu um bolo de cenoura, preparado por ela mesma, e a mesa se encheu, reunindo a família com quem divide seus dias e seus sonhos. Exemplo para os irmãos, é motivo de orgulho para toda a família. Para eles ela é a Keka, apelido desde que chegou em casa pela primeira vez. Para as crianças é a rainha dos contos de fada, a quem pedem autógrafos, admirados. Para o município, hoje é uma das porta-vozes, representante da beleza e força da mulher e do povo arroio-tigrense.
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